Patrimônio ferroviário

Gravatá quer criar passeio de Maria Fumaça na Serra das Russas

A Maria Fumaça seria usada num roteiro turístico pela linha férrea de Gravatá até o distrito de Russinhas

Da Editoria Cidades
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Publicado em 06/05/2016 às 8:08
Foto: Michele Souza/JC Imagem
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O pontilhão da linha férrea que a Prefeitura de Gravatá derrubou e terá de refazer por recomendação do Ministério Público de Pernambuco poderá ser usado, no futuro, para compor uma rota turística pela Serra das Russas, no Agreste do Estado. É que a Secretaria de Turismo, Cultura, Esportes e Lazer do município pretende criar um passeio de Maria Fumaça (locomotiva a vapor) ligando Gravatá ao distrito de Russinhas, cruzando 14 túneis ferroviários.

“Ainda não há nada definido, parte dos trilhos estão obstruídos, não temos recursos nem projeto pronto, é uma ideia. Mas a gente pensa em contar com duas estações no caminho, esses locais seriam um ponto de apoio para a venda de artesanato, comidas da região e flores”, afirma a secretária de Turismo, Daniela Alecrim. O percurso, de 15 quilômetros de extensão, deverá ser animado com forró pé-de-serra.

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A Estação de Caruaru (PE) foi inaugurada em 1895. O Instituto Histórico da cidade ocupa o 1º andar - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Subutilizado, o térreo da Estação de Caruaru (PE), no Centro da cidade, mais parece um depósito - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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O armazém da esplanada de Caruaru (PE) é usado em eventos culturais e para oficinas de artesanato - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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A Estação de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, preserva as bilheterias originais do século 19 - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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No bairro Cajá, em Caruaru (PE), a linha férrea encontra-se tomada por mato e lixo - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Moradias estão sendo construídas sobre os trilhos do trem no bairro Cajá, em Caruaru (PE) - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Moradora de Caruaru (PE), Maria Júlia da Silva lamenta a ocupação desordenada dos trilhos do trem - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Em Caruaru, João Costa da Silva sente falta das locomotivas: "O trem era bonzinho de andar que só" - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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A antiga Estação de Bezerros (PE), construída em 1895, é usada como museu desde 2006 - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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A esplanada de Bezerros (PE) está preservada. Mas parte dos trilhos desapareceram na cidade - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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A antiga Estação de Bezerros (PE), construída em 1895, é usada como museu desde 2006 - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Parte do acervo da RFFSA (bilheteria, farol, placas) está exposto na Estação da Cultura, em Bezerros - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Ferroviário aposentado, Paulo Pedro da Silva mora na antiga casa do agente da Estação de Bezerros - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Ocupação desordenada da linha férrea na cidade de Gravatá (PE). Lixo e mato queimado nos trilhos - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Depósito de lixo e lava a jato em cima da linha férrea na cidade de Gravatá (PE) - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Construída em 1894, a Estação de Gravatá (PE) funciona como ponto turístico desde 2002 - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Caixa d'água da Estação de Gravata (PE), em cima dos sanitários, preserva traços de origem - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Artesãos de Gravatá (PE) expõem e vendem seus produtos na antiga estação do trem - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Ponte sobre a linha do trem na cidade de Gravatá (PE). A linha férrea está cheia de mato e lixo - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Sem uso, a linha férrea de Gravatá (PE) é tomada por mato e lixo. A estação fica na Zona Urbana - Foto: Michele Souza/JC Imagem
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Sem uso, a linha férrea de Gravatá (PE) é tomada por mato e lixo. A estação fica na Zona Urbana - Foto: Michele Souza/JC Imagem

 

A proposta do trem turístico Gravatá-Russinhas, diz ela, é inspirada em passeios semelhantes já realizados no Brasil. No Espírito Santo, por exemplo, o Trem das Montanhas Capixabas percorre velhas ferrovias, passando por túneis e pontes do século 19, para contemplação da paisagem serrana. 

Em Gravatá, o roteiro depende da reconstrução do pontilhão, obra sem data para começar. Por enquanto, o município concluiu o termo de referência para licitar o projeto executivo. O documento foi encaminhado ao MPPE em 11 de abril de 2016, quase um ano após a demolição da ponte.

De acordo com Daniela, o projeto executivo fornece todos os elementos necessários para a execução da obra. O pontilhão do trem, os trilhos e os dormentes arrancados pela prefeitura em maio de 2015 são tombados como patrimônio do Estado desde 1986.

“Cumprimos o prazo de 60 dias para apresentar o projeto, agora estamos aguardando o parecer do Ministério Público para lançar a licitação”, diz. Uma cópia do documento encontra-se na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que vai orientar a obra de reconstrução. Parte do material demolido será reaproveitado.

Paralelamente, a secretaria submeteu ao Fundo Estadual de Cultura (Funcultura) dois projetos de educação patrimonial, voltados para os moradores. “A população é favorável à retirada do pontilhão, por uma questão de mobilidade no trânsito. Precisamos mostrar às pessoas a importância do bem e por que ele deve ser preservado”, diz a secretária-executiva de Turismo, Pricylla Lopes.

“Foi uma coisa muito boa, toda vez que passava debaixo do pontilhão à noite, levava pedradas”, diz o agricultor aposentado José Quirino da Silva.

O projeto executivo a ser contratado contempla estudo de mobilidade para o trânsito. Com a retirada do pontilhão, a prefeitura abriu um vão de quase 30 metros de largura para ligar as Ruas Amaury de Medeiros e Vereador Elias Torres, reduzindo a quantidade de veículos na Rua Hilda Gonzales.

“Vamos procurar uma solução para conciliar o trânsito e a preservação do patrimônio histórico”, diz Daniela. O pontilhão faz parte da Linha Centro, que liga o Litoral ao Sertão. Um trecho de 76 quilômetros de extensão da ferrovia é protegido por lei estadual.

AMIGOS DO TREM

O Movimento Nacional Amigos do Trem – Regional Pernambuco vê com bons olhos a proposta da Secretaria de Turismo de Gravatá de reativar um trecho da linha férrea para passeios de Maria Fumaça. “É uma iniciativa válida, a ferrovia tem 14 túneis e seis viadutos”, diz André Cardoso, representante local da ONG.

A meta dos Amigos do Trem, diz ele, é estimular o retorno dos veículos sobre trilhos como alternativa para o transporte público de passageiros e também nas viagens turísticas. Em Pernambuco, a última atividade do grupo foi a quarta edição da caminhada Nos Trilhos da História, realizada no município de Paudalho, Zona da Mata Norte, em 27 de fevereiro de 2016.

“Reunimos mais de 50 pessoas. A ideia da caminhada é chamar a atenção dos moradores para a importância da preservação dos trilhos e sua possível recuperação como meio de transporte, a longo prazo”, declara André Cardoso. O passeio saiu da Estação de Paudalho – restaurada e transformada em Arquivo Público Municipal – até São Severino dos Ramos.

Além do arquivo, a Estação de Paudalho abriga a Secretaria de Cultura da cidade e eventos culturais. “Virou um ponto de cultural, é bom para a população”, afirma André Cardoso. Ele lembra que os Amigos do Trem em Pernambuco receberam um auto de linha e ainda em 2016 começam a percorrer trilhos da Mata Norte com o carrinho, utilizado para inspeção e conservação da via.

“É uma forma de garantir a existência da ferrovia. A infraestrutura está pronta, só precisa de adaptações e reformas. O carrinho, possivelmente, pode ser usado na Linha Sul”, diz ele.

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