Uma das obras mais esperadas por frequentadores e trabalhadores do Centro do Recife começa, enfim, a ganhar forma. Iniciada em 2014, a requalificação do Cais de Santa Rita, no bairro de São José, entra em fase de acabamento em um pequeno trecho de 817 metros quadrados que receberá 40 dos 580 comerciantes cadastros para se instalar no local. A previsão da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) é de que até novembro esse espaço seja inaugurado e, até março, outros 220 comerciantes sejam transferidos para a área.
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No trecho inicial, próximo ao terminal de ônibus, faltam apenas a conclusão da coberta, a instalação do gradil e da iluminação e finalização dos banheiros – serão oito, sendo quatro femininos e quatro masculinos, dois para pessoas com deficiência. Dos 40 quiosques desse espaço (cada um com 4,3 metros quadrados), 38 serão de alimentação e dois, de coco. Eles começam a ser montados na próxima semana.
“Prioritariamente, os equipamentos vão ser ocupados pelos comerciantes do próprio cais que foram realocados, estamos resolvendo com a comissão que os representa”, destaca o secretário de Mobilidade, João Braga. “Todos passarão por capacitação no Senac para manipulação adequada dos alimentos e haverá uma fiscalização rigorosa para manter o padrão de qualidade.”
No trecho que receberá outros 220 comerciantes (até a Rua do Porão), a coberta está sendo instalada, mas o piso, em concreto, ainda passa por licitação. “Até novembro devemos começar a colocá-lo. Já o início do atendimento ocorrerá no primeiro trimestre de 2017”, salienta Braga. Segundo ele, no local trabalharão todos os feirantes situados no entorno do Mercado de São José, além do pessoal que lida com sulanca, importados e cutelaria.
Com esses comerciantes, outros 110 que atuam no entorno do mercado, vendendo ervas medicinais, produtos naturais, frios e bonbonnières serão realocados em quatro prédios anexos, cujas obras já foram concluídas. “Vamos transferir todos juntos para não prejudicar o movimento”, alega Braga.
Faltam recursos
Ainda não há recursos garantidos para conclusão da segunda etapa da requalificação, que prevê mais 320 quiosques, um edifício-garagem, outra praça de alimentação e recuperação do Mercado das Flores. “Tivemos dificuldades com os recursos, por isso a obra passou um tempo parada. Mas graças a uma parceria com a Secretaria Estadual de Turismo, que viabilizou as cobertas e piso, vamos conseguir concluir a primeira etapa”, observa Braga.
Ciente de várias denúncias de violência, prostituição e tráfico de drogas no local, bastante deteriorado e sujo, o secretário diz que tudo isso vai mudar. “Haverá outro nível de alimentação, limpeza, organização e mais segurança. Já começamos até a instalar câmeras. A área será valorizada”, declara.
Integrante da comissão de comerciantes do local, Roberto dos Santos, 52, reforça: “O cais é cartão-postal do Recife, essa obra vai mudar a aparência da cidade e melhorar nosso sustento. Uns seis meses depois que removeram minha barraca (de alimentação) passei a trabalhar com estacionamento porque não dava movimento. Estamos esperando com paciência, pior estava antes. Graças a Deus agora é meio caminho andado.”
Projetos empacados
Outros dois empreendimentos que vão ajudar na valorização do Cais de Santa Rita ainda aguardam pendências burocráticas para sair do papel. Previstos para a Copa do Mundo de 2014, o hotel-marina e o centro de convenções que fazem parte do projeto Porto Novo Recife continuam sem data para serem iniciados. O primeiro foi aprovado em 2015, mas aguarda alvará de construção. O segundo teve ajustes apresentados no início do ano e ainda será avaliado.
“É normal a demora, são muitos documentos e vários órgãos analisam os projetos, mas acredito que ainda este ano o centro de convenções será aprovado”, afirma Marina Barros, gerente do complexo Armazéns do Porto, que abrange sete galpões arrendados ao Porto do Recife desde 2012, por 25 anos.
O hotel, a ser construído no local onde havia o Armazém 15, terá sete pavimentos e 240 leitos, além de restaurante, bares e marina internacional com 200 vagas. Deverá ser concluído em dois anos, após o início das obras, sendo ligado ao centro de convenções e ao empresarial que serão construídos nos armazéns 16 e 17, do outro lado do Cais de Santa Rita, numa área de 45,4 mil metros quadrados. O investimento total da iniciativa privada no complexo é de R$ 254 milhões.