Os casos de sífilis aumentaram 27% em Pernambuco. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), em 2015 foram 3.249 notificações da doença, 706 a mais do que em 2014. A doença é infectocontagiosa, transmitida de mãe para filho e durante a relação sexual.
Para alertar a população sobre os perigos da doença, técnicos da SES realizaram, ontem, uma ação educativa na Estação Recife do metrô, no bairro de São José, na área central da capital. O ato marcou o Dia Internacional de Combate à Sífilis, que é oficialmente celebrado hoje.
A data foi lembrada com a distribuição de folhetos informativos, cinco mil camisinhas femininas e 30 mil masculinas. Além de orientação sobre a sífilis, sintomas e formas de contágio, agentes esclareceram dúvidas sobre o uso de preservativos. A ação foi conduzida por técnicos do Programa Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids) da secretaria.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 5,6 milhões de pessoas são acometidas anualmente pela sífilis. A doença não dá imunidade ao paciente que já a adquiriu. Um mesmo indivíduo pode se tratar e contrair o mal novamente, inúmeras vezes. Se não tratada, a doença compromete os sistemas cardiovascular, nervoso central e órgãos como olhos, pele e ossos. O uso de preservativo é a forma mais eficaz de impedir o contágio.
“Apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico e ter tratamento, temos notado um aumento no número de casos. As mulheres tendem a procurar mais os serviços de saúde, por isso, precisamos também chamar a atenção dos homens, para interromper a cadeia de transmissão e fazer com que elas não fiquem vulneráveis à recontaminação”, esclarece o coordenador do Programa de DST/Aids, François Figueiroa.
Gestantes
Do total de ocorrências no Estado em 2015, 858 foram registradas em gestantes. Segundo a secretaria, por trás dessa realidade existe uma questão cultural. Muitas mulheres contraem a doença com o marido, fazem o tratamento, mas continuam se relacionando com o parceiro sem camisinha, sendo novamente contaminadas.
Dependendo da fase da gravidez em que a criança é contaminada, a sífilis pode provocar retardo mental, deformações em órgãos, cegueira, paralisia, danos cerebrais e problemas cardíacos. Em alguns casos, as alterações só são percebidas no nascimento. Em outros, são tão graves que levam o feto à morte ainda no útero.
O tratamento é realizado com a penicilina benzatina – o único medicamento capaz de impedir a transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho. “A prevenção sempre vai ser a forma mais eficaz de evitar o contágio. Além disso, a sífilis é uma doença que não escolhe classe social ou orientação sexual”, afirma Shirllany Lopes, uma das técnicas do IST e enfermeira sanitarista há 24 anos.