O jovem Arthur Andrade, de 21 anos, foi mordido por um filhote de tubarão na tarde desta terça-feira (24), na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.
"É uma sensação muito forte, sabe como se uma porta fechasse na sua mão?", relatou Arthur.
Ele, que também é surfista, conta que decidiu tomar um banho de mar após o almoço,no trecho em frente ao Hotel Atlante Plaza, por volta das 13h30. No local há placas alertando para possíveis ataques de tubarão.
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"A maré estava secando, eu estava com água na cintura quando vi uma movimentação estranha. Me assustei e comecei a nadar rápido para voltar, mas mesmo assim ele conseguiu morder a ponta dos meus dedos. Era pequeno e eu consegui fugir, mas considero como um livramento de Deus", conta.
O tubarão que atacou o jovem era de pequeno porte e a mordida não deixou ferimentos graves.
Arthur foi socorrido pelo pai e levado ao Hospital Memorial São José, no Derby, área central do Recife. Ele fez novos curativos, foi medicado e passa bem.
"Meu caso foi um a mais desses que acontecem aqui. Eu, que sou surfista profissional, fico triste quando vejo uma onda na Praia de Boa Viagem. É triste isso acontecer por causa de uma ação devastadora do homem"
Impactos psicológicos
Estresse e depressão são as principais consequências dos ataques de tubarão. É o que revela estudo inédito das vítimas, realizado pela psicóloga Amanda Patrícia Sales.
No levantamento, Amanda quantifica as psicopatologias e faz um alerta. “Essas pessoas necessitam de acompanhamento psicológico e, se for o caso, também psiquiátrico, de preferência logo após o acidente, para evitar o agravamento do quadro.”
O trabalho mostra que 25% dos sobreviventes analisados apresentaram transtorno de estresse agudo, 50% transtorno de estresse pós-traumático e 62,5% depressão (humor deprimido, falta de energia, autoestima baixa).
Enquanto o primeiro tipo de transtorno surge até um mês após o ataque, o segundo persiste após esse período. Os sintomas, em ambos, são os mesmos. Um deles é a reexperiência traumática, quando, lembrando ou durante pesadelos, a vítima sente como se o fato estivesse acontecendo novamente. “Há sensação de angústia e o coração dispara.”
Outro sintoma é a hiperexcitabilidade psíquica, traduzida pelo humor ansioso, taquicardia e sudorese. “O transtorno também faz com que a pessoa se distancie emocionalmente, evitando pessoas e lugares”, descreve Amanda.