Ocupada por pedintes, com a grama seca, adesivos colados em árvores e lixo acumulado no lago, a Praça do Derby integra a lista dos seis jardins de Burle Marx tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em junho de 2015. No ano seguinte, também foi classificada pela prefeitura como jardim histórico do Recife com outras 14 praças criadas ou reformadas pelo paisagista.
A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) afirma que vai melhorar a varrição na praça e reconhece a necessidade de um tratamento diferenciado para recuperar o jardim. “Vamos resolver a situação, quando tivermos recursos”, afirma o presidente da Emlurb, Roberto Gusmão. Como a Praça do Derby não é adotada, cabe ao município fazer a manutenção e conservação dos brinquedos, plantas, lagos e estátuas.
“Estamos em busca de parceiros para nos ajudar a manter as áreas verdes”, declara Roberto Gusmão. Segundo ele, a grama de praças e canteiros públicos será recuperada no início do inverno. “A grama é um problema na cidade toda porque nesse período mais seco do ano, que vai de setembro a janeiro, não conseguimos acumular água, e a chuva tem sido esporádica”, justifica.
O carro-pipa, diz ele, é uma solução cara. “Gastaríamos R$ 60 mil por mês só no canteiro da Avenida Agamenon Magalhães”, pondera. “Essa praça era tão bonita, com os jardins tão floridos e organizados. Agora está tudo seco e se acabando. Eu, ainda criança, vinha da Várzea (bairro da Zona Oeste do Recife) para cá com minha família, era um lugar muito importante”, recorda a dona de casa Jamelci Muniz.
Sentada num dos bancos de madeira com pintura desbotada, Jamelci observa o acampamento dos pedintes instalado na beira do lago e em cima de um dos bancos, e comenta: “Nem a praça merece isso e nem essas pessoas merecem viver dessa forma.” O vigilante Carlos Alberto Matias destaca a sombra e ventilação como pontos positivos da Praça do Derby. “Falta cuidado, isso é um descaso”, diz Carlos Alberto.
PALMEIRAS
A praça está localizada num terreno onde funcionava um hipódromo no século 19. “Burle Marx respeitou o projeto da década de 1920, do governo de Sérgio Loreto, e fez acréscimos. Ele trouxe palmeiras do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e transformou a Praça do Derby um laboratório de diferentes tipos de palmeiras”, afirma a arquiteta Ana Rita Sá Carneiro.
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Coordenadora do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Rita orientou a obra de restauração do jardim em 2008, com o resgate do desenho original de Burle Marx. O paisagista ampliou a vegetação e valorizou o lago, que batizou Ilha dos Amores. A Praça do Derby, lembra Ana Rita, é separada em dois jardins por um corredor de ônibus. “Isso cortou a relação de unidade do lugar”, lamenta.
Interessados em adotar áreas verdes do Recife podem entrar em contato com a Emlurb pelo telefone (81) 3355-5540.