O Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, bairro da Zona Norte do Recife, estava fechado desde o fim de novembro de 2016 para manutenção. De lá para cá, teve as paredes pintadas com cores mais suaves, substituiu peças há anos em exposição e reorganizou a mostra de longa duração. Com novo visual, o museu volta a receber o público a partir das 10h do próximo domingo, 19 de março, no prédio de número 2187 da Avenida Dezessete de Agosto.
“Tivemos de fazer ajustes na exposição porque depois de oito anos em cartaz alguns temas ficam defasados”, diz Albino Oliveira, coordenador de museologia do Museu do Homem do Nordeste, centro cultural inaugurado em 1979 e vinculado à Fundação Joaquim Nabuco. A mostra ocupa quatro salões, que totalizam 750 metros quadrados de área, com quase 1,2 mil peças de heranças culturais do povo nordestino.
A Sala das Influências, por exemplo, teve o acervo ampliado com a inclusão de tecidos africanos (aqueles que podem ser usados enrolados no corpo ou como turbante), além de redes e bolsas feitas de fibra em comunidades indígenas. O material se soma a medalhas do período holandês (1630-1654), cristais franceses, lanternas e sinaleiras inglesas da rede ferroviária e objetos ligados ao cinema norte-americano.
No espaço dedicado à produção de açúcar, o público pode apreciar o quadro O Canavial do pintor recifense Aloísio Magalhães (1927-1982). Pela primeira vez a obra é colocada na mostra de longa duração. “Ela faz parte do nosso acervo, mas só tinha sido exibida em exposições temporárias”, informa a coordenadora-geral do Museu do Homem do Nordeste, Silvana Araújo.
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O quadro Usina, pintado em 1935 pelo pernambucano Cícero Dias (1907-2003), saiu da reserva técnica da pinacoteca do museu para a nova exposição. “Acrescentamos, também, o Abecedário da Cana, conjunto de 26 fotos clicadas pelo artista Jonathas de Andrade”, afirma Albino Oliveira. Alagoano radicado no Recife, ele registrou trabalhadores da Refinaria Tabu, em Condado, município da Zona da Mata do Estado, formando as letras do alfabeto com caules de cana-de-açúcar.
Nesse mesmo cenário, há objetos usados em suplícios de escravos, reproduções de folguedos e artefatos. A história já era contada à luz da submissão e das brincadeiras. “Agora incluímos o capítulo da resistência. Apresentamos, como mais uma novidade nessa sala, a capoeira como elemento de resistência dos africanos no Brasil”, destaca Albino Oliveira.
A área destinada aos quilombolas (comunidades remanescentes dos antigos quilombos) faz um resgate da vida dos negros libertos após a abolição da escravatura em 1888. “Mostramos o que é feito deles após a libertação, com referências aos trabalhos que passaram a exercer, como ambulantes, amoladores de tesouras e vendedores de café nas ruas”, declara o museólogo.
PESQUISA
Fotografias inéditas produzidas pela Fundação Joaquim Nabuco durante a pesquisa Nordestes Emergentes, em 2012 e 2013, também foram incorporadas à mostra. “Esse trabalho, coordenado pela pesquisadora Siema Melo, assinala mudanças que estão acontecendo em algumas cidades”, diz Silvana Araújo. Uma das fotos traz um vaqueiro tangendo animais montado numa moto. O público poderá apreciar, pela primeira vez no Museu do Homem do Nordeste, imagens reproduzidas em papel e também olhar as fotos em monóculos, avisa Silvana Araújo.
A reabertura do Museu do Homem do Nordeste coincide com a 6ª edição do Domingo dos Pequenos, evento destinado a crianças e adolescentes no terceiro fim de semana de cada mês. A programação prevê oficina para confecção de origami e exibição do filme Jonas e o Circo sem Lona (Paula Gomes, 2016). A entrada é gratuita. Nos outros domingos o museu abre das 13h às 17h, o mesmo horário dos sábados e feriados. De terça a sexta-feira as visitações são das 8h30 às 17h.