Parte de um antigo projeto de urbanização da Ilha do Maruim, no bairro de Santa Tereza, em Olinda, está sendo retomada. São obras de saneamento, instalação de uma estação elevatória, drenagem, pavimentação de ruas e construção de calçadas. Com a pavimentação, será criado um percurso de 1,5 quilômetro paralelo à Avenida Olinda, que precisará de um complemento, futuramente, para funcionar como via alternativa e minimizar os congestionamentos na entrada da cidade.
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A previsão é de que os serviços sejam concluídos em julho, com recursos de R$ 2,7 milhões provenientes do Ministério do Turismo, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras integram um projeto mais amplo, iniciado em 2005, que inclui construção de duas pontes sobre o Canal da Malária, uma rua de acesso à Praia Del Chifre e construção de 661 casas na comunidade. Ainda não há recursos para dar continuidade a esses serviços, mas os que estão em andamento facilitam a busca por novos investimentos.
Para ter acesso ao novo caminho, os veículos saem da Avenida Olinda e entram na Rua Monte Castelo, margeando o Rio Beberibe (via batizada de Beira-Rio, com 700 metros) e seguindo pela margem do Canal da Malária (com 800 metros). De lá, continuam pelas Ruas Chã Grande e Santa Tereza de volta à Avenida Olinda.
NOVO CAMINHO
O pavimento suprimirá dez metros quadrados de mangue no encontro do rio com o canal. “Vamos replantar ao longo do rio”, salienta o secretário-executivo de Obras de Olinda, Roberto Rocha. Seis residências também precisam ser desapropriadas.
“Quando o pavilhão sobre o canal for construído, os carros que trafegam do Recife para Olinda vão poder utilizar essa via, passar sobre o canal e sair nos Correios (pelos Milagres), fugindo dos congestionamentos. Por enquanto, é mais para o tráfego local”, observa o gestor. A via não pode ter continuidade em linha reta porque esbarra em uma vasta área de mangue. “Nesse trecho também há invasões que serão removidas e o mangue, replantado”, registra.
Segundo o secretário, mais de 200 imóveis foram desapropriados em gestões anteriores para dar início aos serviços de infraestrutura, mas ainda há muitos a serem removidos para construção das casas. “Há famílias no auxílio-moradia ou que receberam indenização. Muitas vão receber novas residências até o fim do ano, com a conclusão de dois conjuntos habitacionais (Cuca Legal II e Vila Brasília), como o número de famílias é grande, a ilha não comporta, pois ela só poder ter construção de até o primeiro andar.”
IMPASSE
A dona de casa Lúcia Dantas, 62 anos, mora há 32 anos na Ilha do Maruim e já não acredita mais na conclusão da urbanização local. “Faz anos que a prefeitura veio, mediu minha casa e me ofereceu R$ 15 mil. Eu compro o que com esse dinheiro? Não aceitei. Mas também não me deixaram ajeitar a casa e o telhado tá cheio de vazamento. Vou gastar pra perder?”, questiona.
Na frente da casa da mulher, um poste cercado de água vaza corrente elétrica. Esgotos minando, ruas alagadas com as chuvas e lixo nas vias ainda fazem parte da rotina da comunidade, que vê as poucas melhorias se arrastando por anos para serem efetivadas. Muitos se queixaram do tráfico diuturno de drogas na localidade e do abandono do poder público.
Com cerca de 30 mil moradores, muitos vivendo da pesca, a Ilha do Maruim deve ser beneficiada com outro projeto do governo do Estado, o Reconexão Turística Recife-Olinda, que prevê a ligação das duas cidades por meio de uma ciclotrilha, para bicicletas e pedestres. O percurso de 3,5 quilômetros será feito entre a Ponte do Limoeiro (Recife) até a Praia dos Milagres (Olinda), passando por trás da Escola de Aprendizes Marinheiros e da Vila Naval. A obra deveria ter começado no primeiro trimestre.
