EDUCAÇÃO

Mãe denuncia racismo em livro didático utilizado por crianças em Pernambuco

Editora negou qualquer tipo de discriminação e classificou o episódio como "interpretativo"

JC Online
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Publicado em 02/06/2017 às 18:00
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Editora negou qualquer tipo de discriminação e classificou o episódio como "interpretativo" - FOTO: Foto: Reprodução
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"Eu, Aline, sou uma mulher branca. Por tal motivo, nunca me senti excluída ou socialmente privada do que quer que fosse em função da minha pele clara", foi assim que a mãe de uma criança de 3 anos, aluna de uma escola de Pernambuco, iniciou um texto pelo qual denuncia um livro didático por racismo.

 

Na publicação, da editora Formando Cidadãos, uma atividade propõe que as crianças liguem três personagens a suas respectivas profissões, dentre eles apenas um é negro e está vinculado ao que parece ser a profissão de um faxineiro.

 

 

"Tive de começar a sentir o peso do racismo dentro da minha casa depois que os meus dois filhos nasceram. são duas crianças negras. Desde então, eu tenho de lidar com coisas desagradáveis, as quais nunca passei na minha infância. Já teve professora que prendia o Black da minha filha na escola. Já teve coleguinha discriminando, mesmo sem entender direito o porquê. Agora teve livro perpetuando o negro sempre na pior representação possível. O negro triste. Feio. Servente. Nunca é o negro médico, professor, advogado, e etc. Não há demérito nenhum em ser servente. O problema é que esse é o lugar que sempre cabe ao negro. Minhas crianças precisam aprender que elas podem e devem ocupar todos os espaços", continuou Aline Lopes no Facebook.

 

 

A publicação, que viralizou na web, foi consentida por diversos internautas, mas também foi alvo de críticas por parte de outras centenas de pessoas. Muitos questionaram a mãe sobre "o que teria de errado" ou " de racista" no livro "Natureza e Sociedade", voltado para crianças de 3 anos.

 

 

Em outra página do livro, uma família negra e outra branca são representadas como "triste" e "feliz", nesse caso, a família de cor branca está sorridente; enquanto a família negra está notoriamente triste.

Editora

Por meio de telefone, o administrador da editora Formando Cidadãos, com matriz na Zona Oeste do Recife, disse que o departamento jurídico da empresa foi acionado."É uma questão interpretativa", informou."Está sendo verificado com a pessoa que fez a denúncia o porquê dela ter feito essa postagem sem entrar em contato conosco".

Paulo André, outro responsável pela administração da editora, informou que o "material que está no mercado há quatro anos, faz parte de uma coleção de livros didáticos que tem mais de 1.000 páginas. Ela (a mãe) está se pegando a uma folha só, numa imagem, e tendo ideia de falar em racismo. Em 4 anos nunca houve comentário sobre esse livro. Nossos clientes ligaram pra gente informando isso e dizendo que não concordam com a avaliação feita por ela. Esse livro dela tem 112 páginas, ela se apegou a um página", esclareceu.

Até a publicação desta matéria, a reportagem não conseguiu estabelecer contato com a mãe.

 

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