Detentos do sistema prisional do Estado terão a oportunidade de ter diagnóstico precoce da tuberculose e tratamento para os que já apresentam a patologia. O serviço, que tem o objetivo de quebrar a cadeia de transmissão da patologia, é oferecido pelo Laboratório de Diagnóstico em Tuberculose (TB). A assistência é disponibilizada pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, por meio da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres). Os exames serão realizados no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel).
Leia Também
- Brasil se aproxima de padrão positivo de combate à tuberculose
- Mortalidade da tuberculose em Pernambuco chega ao dobro da taxa nacional
- OMS recomenda novo teste de diagnóstico rápido para tuberculose
- Recife recebe ações de enfrentamento à tuberculose no mês alusivo à doença
- Tuberculose: associações soam alarme por mortes e tratamento precário
Voltado para a detecção de casos novos de TB, o serviço é destinado aos presos do Cotel, da Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL), Presídio de Igarassu (PIG), e das três unidades de Itamaracá: Penitenciária Agroindustrial São João (PAISJ), Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) e Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC).
O material é coletado nos pacientes e encaminhado ao Cotel para a realização do exame de baciloscopia do escarro, responsável por detectar as diversas fontes de infecção; teste rápido molecular, que define o DNA do bacilo, e, em casos mais específicos, o genexpert, análise complementar com capacidade de detectar a presença do bacilo causador da doença em apenas duas horas e identificar se a pessoa tem resistência ao antibiótico indicado para o tratamento.
Diariamente são realizados entre 25 a 30 exames de baciloscopia nos detentos de todas as unidades e os casos confirmados seguem, de imediato, para tratamento na unidade de origem. Até maio de 2017, foram registrados 2.647 baciloscopias com 137 casos confirmados. Um farmacêutico, um sanitarista e dois técnicos de laboratório compõem a equipe do setor. “O laboratório é de fundamental importância para evitar a transmissão da tuberculose no sistema penitenciário", afirma o secretário-executivo de Ressocialização, Cícero Rodrigues.
O laboratório do Centro foi criado em 2012, com recursos do Fundo Global, com a proposta de diagnosticar os casos novos da doença que chegavam à unidade, conhecida como “porta de entrada” para o sistema penitenciário de Pernambuco por realizar a triagem de presos provisórios. O serviço foi impulsionado em 2015 com a expansão para outros estabelecimentos prisionais.
Doença
Está em fase de implantação o exame de cultura de tuberculose. Duas estufas e uma cabine de segurança biológica já foram doadas pelo Ministério da Saúde e Laboratório Central da Secretaria Estadual de Saúde (Lacen/SES). A previsão é que até o final de agosto todos os detentos das unidades já assistidas tenham acesso ao método bacteriológico. “Passamos de 200 para 600 exames/mês desde a criação do laboratório e vamos ampliar ainda mais esse quantitativo com a chegada da cultura. Estamos caminhando para que o laboratório do Cotel se torne centro de referência para o sistema prisional”, aposta o sanitarista e técnico do laboratório, Leonardo Oliveira da Silva.
A TB é uma doença infectocontagiosa causada pelo Bacilo de Koch que afeta principalmente os pulmões, podendo ocorrer em outros órgãos do corpo como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). Sua transmissão se dá por via aérea na maioria dos casos através de tosse, fala ou espirro da pessoa infectada.