Veterinários, biólogos e profissionais que trabalham em laboratórios ou expostos ao vírus da raiva formam um grupo prioritário de imunização contra a doença e, por isso, possuem direito à vacinação de pré-exposição. Pelo menos na teoria. Devido à redução no fornecimento do imunizante pelo governo federal, profissionais estão tendo dificuldade em receber a vacina antirrábica nas unidades de saúde. O vírus da raiva foi tema de uma mesa redonda realizada nessa quarta-feira (26) na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a falta do imunizante para profissionais e estudantes foi apontada como uma das causas do reaparecimento de casos de raiva.
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A redução do repasse federal teve início em 2015, motivada pela produção dos laboratórios, que estariam passando por adequações sanitárias. Em Pernambuco, a situação também é crítica. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), apenas 35 mil doses do imunizante foram repassadas pelo Ministério da Saúde de janeiro a junho deste ano, quando a necessidade mensal é de 8 mil a 10 mil doses. Assim, as unidades de saúde obedecem a um protocolo para uso racional do medicamento que, na prática, prioriza a vacinação para pessoas que tenham sido atacadas por animais que não possam ser monitorados.
“Aí você corre atrás do prejuízo, ao invés de estar preparado. Existe uma crise econômica, mas os aspectos de saúde têm que ser priorizados”, opinou a veterinária Jaqueline Bianque, professora da UFRPE e uma das palestrantes.
No início do mês, a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais em Pernambuco (Anclivepa-PE) emitiu um alerta sobre o risco a que estão submetidos os profissionais. “A população está menos exposta à raiva humana do que os profissionais que trabalham diretamente com os animais”, argumentou o presidente Marcelo Teixeira.
“Pedimos à Anclivepa um levantamento dos veterinários, para que possamos fazer um programa de vacinação”, garantiu o coordenador de zoonoses da SES, Francisco Duarte. Nessa quarta-feira, ele ministrou uma palestra sobre a situação epidemiológica no Estado. “Houve uma redução nos casos de raiva canina, explicada pelo trabalho de vacinação dos municípios. Quanto aos morcegos, precisamos trabalhar mais as barreiras físicas e a poda de árvores, para atingir também os que não se alimentam de sangue.”
RISCO
A preocupação tem fundamento. “Não são só os hematófagos que podem estar contaminados. O vírus é típico dos mamíferos, qualquer um pode adquirir e transmitir”, explicou o biólogo Luiz Augustinho Menezes. Das 182 espécies de morcego existentes no Brasil, cerca de 80 vivem no ambiente urbano.