Um dia após a confirmação de que Adriana Vicente da Silva, 36 anos, dona de uma loja de ração, morreu em decorrência do vírus da raiva humana, recifenses denunciaram a escassez de vacinas nas unidades públicas de saúde da capital nesta terça-feira (4). No Recife, as policlínicas Lessa de Andrade, localizada na Madalena, Zona Oeste, e Professor Barros Lima, em Casa Amarela, Zona Norte, são referências em vacinação antirrábica, mas muitos pacientes que procuraram as unidades nos últimos dias não conseguiram imunização.
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"Fui mordida no domingo pelo meu gato, que não é vacinado. Desde ontem (3), estou na saga pela antirrábica. Liguei para a ouvidoria (da Secretaria de Saúde) e fui informada que deveria procurar o Lessa de Andrade ou uma maternidade na Encruzilhada, que nem realiza a vacinação. No Lessa, não tinha médico; aqui (Barros Lima), disseram que não tinha vacina", conta a pedagoga Viviane Mary Souza, 43 anos. "O pior foi uma médica que chegou dizendo que teríamos que esperar completar dois meses da mordida para receber a vacina. Fiquei indignada", completou.
Com mordidas nas mãos, braços e pernas, o músico Gleison Andrade, 41, também foi encaminhado de uma unidade para outra, sem conseguir imunização. No fim da tarde desta terça, ele aguardava atendimento no Barros Lima. "Mandaram esperar e avisaram que provavelmente não teria vacina para todo mundo. Estou há três horas aqui, começando a ficar inchado, e não fui atendido", contou.
A tosadora Ana Beatriz Santos, 21, foi atacada por um animal de rua levado até a clínica onde trabalha. "Deveria existir um grupo prioritário. Amanhã estou de volta em contato com outros bichos e sigo exposta", criticou. Segundo a estudante Amanda Bernardo, 23, funcionários da unidade estão cadastrando os telefones dos pacientes para avisar quando o medicamento estiver disponível para todos. "A prefeitura diz que está tudo sob controle, mas não está."
RESPOSTA
Em nota, a Secretaria de Saúde do Recife informou que, em 2015, o Ministério da Saúde anunciou uma redução no estoque nacional da vacina antirrábica humana. Procurado, o órgão negou a falta dos imunizantes. Confira a resposta na íntegra:
A Secretaria de Saúde do Recife informa que definiu como unidades de saúde de referência para a profilaxia da Raiva Humana as Policlínicas Lessa de Andrade (Madalena) e Barros Lima (Casa Amarela). A medida foi tomada logo após o Ministério da Saúde (MS) divulgar nota, em 2015, informando a redução no estoque nacional da vacina antirrábica humana.
Em 2016, o Programa Nacional de Imunização do MS enviou aos estados e municípios outra nota com recomendação quanto ao uso racional da vacina antirrábica até que o fornecimento fosse normalizado. Segundo o documento, o paciente que for exposto ao risco da doença deve passar por uma avaliação médica ambulatorial criteriosa a fim de verificar a real necessidade do uso da profilaxia.
O comunicado recomenda o não uso da Profilaxia da Raiva quando o animal causador do acidente estiver saudável ou puder ser observado (Cão e Gato) pelo período de 10 dias. O documento explica também que a vacina deverá ser usada somente se o animal morrer, desaparecer ou tiver contato comprovado com morcego e ter se tornado raivoso. Quanto aos animais silvestres (morcegos, raposas, saguis entre outros) e animais de produção a indicação é utilizar o esquema preconizado pelo MS.