RAIVA HUMANA

Pacientes relatam escassez de vacina antirrábica no Recife

Um dia após a confirmação de um óbito por raiva humana, a procura pelo imunizante se intensificou na capital

Editoria de Cidades
Cadastrado por
Editoria de Cidades
Publicado em 04/07/2017 às 20:58
Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
Um dia após a confirmação de um óbito por raiva humana, a procura pelo imunizante se intensificou na capital - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
Leitura:

Um dia após a confirmação de que Adriana Vicente da Silva, 36 anos, dona de uma loja de ração, morreu em decorrência do vírus da raiva humana, recifenses denunciaram a escassez de vacinas nas unidades públicas de saúde da capital nesta terça-feira (4). No Recife, as policlínicas Lessa de Andrade, localizada na Madalena, Zona Oeste, e Professor Barros Lima, em Casa Amarela, Zona Norte, são referências em vacinação antirrábica, mas muitos pacientes que procuraram as unidades nos últimos dias não conseguiram imunização.

"Fui mordida no domingo pelo meu gato, que não é vacinado. Desde ontem (3), estou na saga pela antirrábica. Liguei para a ouvidoria (da Secretaria de Saúde) e fui informada que deveria procurar o Lessa de Andrade ou uma maternidade na Encruzilhada, que nem realiza a vacinação. No Lessa, não tinha médico; aqui (Barros Lima), disseram que não tinha vacina", conta a pedagoga Viviane Mary Souza, 43 anos. "O pior foi uma médica que chegou dizendo que teríamos que esperar completar dois meses da mordida para receber a vacina. Fiquei indignada", completou.

JC-CID0705_RAIVAARTE-WEB

Com mordidas nas mãos, braços e pernas, o músico Gleison Andrade, 41, também foi encaminhado de uma unidade para outra, sem conseguir imunização. No fim da tarde desta terça, ele aguardava atendimento no Barros Lima. "Mandaram esperar e avisaram que provavelmente não teria vacina para todo mundo. Estou há três horas aqui, começando a ficar inchado, e não fui atendido", contou.

A tosadora Ana Beatriz Santos, 21, foi atacada por um animal de rua levado até a clínica onde trabalha. "Deveria existir um grupo prioritário. Amanhã estou de volta em contato com outros bichos e sigo exposta", criticou. Segundo a estudante Amanda Bernardo, 23, funcionários da unidade estão cadastrando os telefones dos pacientes para avisar quando o medicamento estiver disponível para todos. "A prefeitura diz que está tudo sob controle, mas não está."

 

RESPOSTA

Em nota, a Secretaria de Saúde do Recife informou que, em 2015, o Ministério da Saúde anunciou uma redução no estoque nacional da vacina antirrábica humana. Procurado, o órgão negou a falta dos imunizantes. Confira a resposta na íntegra:

A Secretaria de Saúde do Recife informa que definiu como unidades de saúde de referência para a profilaxia da Raiva Humana as Policlínicas Lessa de Andrade (Madalena) e Barros Lima (Casa Amarela). A medida foi tomada logo após o Ministério da Saúde (MS) divulgar nota, em 2015, informando a redução no estoque nacional da vacina antirrábica humana.

Em 2016, o Programa Nacional de Imunização do MS enviou aos estados e municípios outra nota com recomendação quanto ao uso racional da vacina antirrábica até que o fornecimento fosse normalizado. Segundo o documento, o paciente que for exposto ao risco da doença deve passar por uma avaliação médica ambulatorial criteriosa a fim de verificar a real necessidade do uso da profilaxia.

O comunicado recomenda o não uso da Profilaxia da Raiva quando o animal causador do acidente estiver saudável ou puder ser observado (Cão e Gato) pelo período de 10 dias. O documento explica também que a vacina deverá ser usada somente se o animal morrer, desaparecer ou tiver contato comprovado com morcego e ter se tornado raivoso. Quanto aos animais silvestres (morcegos, raposas, saguis entre outros) e animais de produção a indicação é utilizar o esquema preconizado pelo MS.

Últimas notícias