Ciclomobilidade

Bicicultura: mecânico pedala de Brasília a Recife com cachorro na bike

Evento reúne cicloativistas de 19 estados até o próximo domingo

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Publicado em 07/09/2017 às 19:25
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Evento reúne cicloativistas de 19 estados até o próximo domingo - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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Enquanto muita gente tem resistência em usar a bicicleta dentro do próprio bairro, há quem não largue dela nem para longas viagens. É o caso do mecânico de bike Renato Zerbinato, de 40 anos. Ele e outras duas pessoas vieram pedalando de Brasília (são mais de dois mil quilômetros) para participar do Bicicultura 2017, que acontece no Bairro do Recife até o sábado e se encerra no domingo, no Parque Santana, na Zona Norte, reunindo cicloativistas de 19 estados brasileiros. Detalhe: Renato trouxe na bagagem seu mais novo amigo, Sebastian, um vira-lata que roubou a cena no Teatro Apolo, ontem.

Foram 29 dias de viagem, experimentando as dificuldades de infraestrutura e de respeito que os ciclistas enfrentam em muitas cidades brasileiras no dia a dia, mas também vivenciando uma experiência única de relação com os outros e com o meio ambiente, reforçada por Sebastian, que conquistava todos por onde passou. “No começo ele estranhou a caixa de isopor, mas logo se adaptou”, conta Renato, que abriu uma “janela” em formato de coração para o amigo contemplar a paisagem. “Ele era meio agressivo, agora está calmo”.

Mas por que de bike? “Eu faço tudo de bike. Pedalo desde 2001 e desde 2009 passei a fazer parte da massa crítica. Esse encontro é para pessoas que tentam fazer algo por quem usa bicicleta e não perco por nada”, diz. Como muitos participantes do evento, o mecânico trouxe a experiência de um projeto de um Bicicentro Comunitário, que utiliza um prédio abandonado como oficina colaborativa em Brasília. “As pessoas podem repor peças gratuitamente, ou doar. E também podem pegar bicicletas para ir trabalhar, estudar, depois devolver”.

A proposta é parecida com a que foi implantada na comunidade Caranguejo Tabaiares, entre os bairros da Ilha do Leite e Afogados, na área central do Recife, em abril. Lá, 20 bicicletas compartilhadas foram disponibilizadas, três delas roubadas. “Às vezes levam, mas o importante é que alguém use”, diz Renato.

A gestora cultural Natália Pimenta, 31, relatou projeto que o Coletivo Nós, do Tocantins, está iniciando nas cidades de Gurupi e de Peixe. “Começamos levando as crianças da cidade para conhecer os monumentos históricos. E o prefeito de Peixe, que tem cerca de 11 mil habitantes, se comprometeu a ceder bicicletas para os turistas fazerem isso. É uma forma de revitalizar o centro histórico, degradado pela ação dos carros, e trabalhar com sustentabilidade. A ideia é fechar o centro para os veículos”, diz.

PROGRAMAÇÃO

Até o sábado, o Bicicultura está com atividades no Shopping Paço Alfândega (onde há o biciculturinha para crianças), Paço do Frevo e Teatro Apolo, no Recife Antigo, das 8h às 18h. No domingo, as ações são no Parque Santana. São palestras, oficinas, dinâmicas, brincadeiras educativas, mostras. No final, haverá uma plenária, das 15h às 18h, para consolidar as discussões.

“Vamos fazer um dossiê do encontro e entregar à CTTU e Secretaria de Turismo”, avisa um dos organizadores do evento e coordenador da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), Roderick Jordão, que criticou a ausência de gestores no Bicicultura. Segundo ele, a curadoria não indicou ninguém da cidade para palestrar pelo atraso do Recife diante do tema. “Mas vieram gestores de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Fortaleza e Brasília mostrar como fazer ações com diálogo e só um gerente do Recife se inscreveu para ouvir”.

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