Turismo e lazer

Feirinha de Boa Viagem passa por ordenamento

Maioria das 176 bancas de ferro e madeira já foi substituída por estruturas em alumínio

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 04/01/2018 às 19:35
Diego Nigro/JC Imagem
Maioria das 176 bancas de ferro e madeira já foi substituída por estruturas em alumínio - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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Após um longo período de franca decadência, a Feira de Arte e Artesanato de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, começa a sacudir a poeira para recuperar o brilho (e a clientela) que a fez conquistar o título de Patrimônio Turístico e Cultural do povo pernambucano. A maioria das suas 176 bancas entra em 2018 com roupa nova e, até março, elas devem estar dividas por segmento, com todos os seus proprietários devidamente organizados.

Apesar de situada em local privilegiado – à beira-mar da badalada Praia de Boa Viagem e cercada de hotéis – a feirinha, que recebe gente de todo o mundo, vinha definhando. Em 2013, a prefeitura removeu 40 ambulantes que atuavam indevidamente na área, mas não conseguiu investir na melhoria das velhas bancas enferrujadas, que chegavam a dar choque por conta de gambiarras. Lonas rasgadas e sujas também se espalhavam sobre tortas estruturas de madeiras, formando um cenário de abandono em área tão nobre.

A saída foi os próprios artesãos, artistas plásticos e comerciantes de comidas típicas arcarem com a produção de bancas em alumínio com cobertas padronizadas, iniciativa que já vinha sendo adotada há alguns anos. Cada uma fica, em média, por R$ 1,6 mil. “Em compensação, eles não pagam pelo uso do solo nem pela energia, que vai ser toda revisada”, observa a gestora do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Artesanato (Prodarte), Ledjane Sales, segundo a qual mais de 90% das estruturas de ferro e madeira já foram substituídas.

O acordo foi feito em 2016 e estabeleceu prazo para a troca, que venceu em novembro, mas foi adiada, ainda sem data. “O grupo gestor da feira nos pediu mais tempo, pois alguns estão com dificuldade financeira e conseguimos uma linha de financiamento”, explica Ledjane. Caso não se adequem, os atrasados podem até ser excluídos. “Por lei, vamos dar uma advertência, depois suspensão e, por fim, pode haver exclusão, mas não é isso o que queremos, estamos nos esforçando para que todos façam a troca”.

REGULARIZAÇÃO

O ordenamento inclui a regularização jurídica de situações como a de auxiliares que passaram a ser os titulares das bancas e de artesãos que estavam com produtos diferentes do que originalmente comercializavam. “Houve um recadastramento completo e, em breve, vamos nos reunir novamente para discutir os novos locais de cada artesão, já que a feira funcionará por segmentos, separando produtos em couro, renda, cerâmica e brinquedos. Isso facilita para o turista”, destaca.

O presidente da Associação da feira, José Fernandes, 68, concorda. “Cada um em seu lugar é bom para todo mundo”, avalia. O artesão, há 36 anos na feira e com barraca nos padrões modernos, afirma que todas as quartas-feiras estão ocorrendo apresentações culturais e, além da conclusão do ordenamento, fica faltando o município investir em divulgação. “Essa feira é de 1966, a mais antiga do Brasil, precisa voltar a ser mais frequentada”, diz.

“Troquei a banca de ferro pela de alumínio e estou achando muito melhor, é mais fácil de limpar, mais leve e o visual ficou mais bonito. Gosto de ver tudo arrumadinho”, diz a artesã Flávia Rabelo, 86, que está na feira desde 1984. O artesão Ronald Bezerra, 51, é um dos que está em processo de substituição da banca. “Visualmente é melhor, não corrói. Mas não acho que vá adiantar muita coisa, não tem movimento”, desabafa ele, que trabalha no local há mais de 30 anos. Na área de alimentação, a atendente Vanessa de Lima, 35, diz que os clientes têm elogiado muito a mudança.

BANHEIROS

Alguns clientes e comerciantes da feirinha de Boa Viagem falam que há quem faça xixi em plena pracinha por falta de banheiro. O engenheiro Jonas de Oliveira, 33, que veio de São Paulo para o Recife há um ano, sugere maior regularidade dos artesãos. “Às vezes encontramos muitas barracas vazias, devia ter horário mais certo para todos abrirem”, diz.

Ledjane informa que o município revitalizará banheiros na orla, não havendo previsão de construção de novos sanitários e que a feira tem horário (14h às 22h todos os dias), mas fica a critério de cada um fechar nos dias de menos movimento. Já a divulgação está sendo tratada pela Secretaria de Turismo.

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