O primeiro fim de semana após a onda de violência em São José da Coroa Grande e Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, ambas no Litoral Sul, foi marcado por praias de areias vazias de turistas e cheias de medo. Em Enseada, onde em menos de 48 horas (entre quarta e quinta-feiras) houve cinco homicídios, o que se viu foram barracas quase sem ninguém e só moradores se aventurando em um banho de mar.
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Uma das poucas pessoas de fora que foram visitar o local foi a autônoma recifense Thays Raposo que justificou sua presença. “Só viemos porque o hotel já estava reservado há um tempo, mas ficamos um pouco assustados. Sentimos um clima bem pesado aqui em Enseada. Já vim outras datas e sempre tinha muito mais gente.”
O motorista Márcio Siqueira, também do Recife, disse que está cada vez mais difícil eleger um destino. “Antes vínhamos pra cá pra fugir do estresse, dos problemas, da violência da capital. Você vem pra tentar se divertir um pouco, mas claro que fica assustado com esses assassinatos.”
O mesmo sentimento e vazio também foram vistos em São José da Coroa Grande, que desde o início do ano já contabiliza 11 mortes. Nem a delegacia móvel instalada na cidade desde terça-feira ameniza o clima de insegurança. A única que conversou com o JC foi a técnica de enfermagem Valdenira Soares, que saiu do Recife com amigos. “Trabalhamos demais e precisamos nos divertir. Se a gente for pensar só na violência não sai de casa. É pedir a Deus que ocorra tudo bem porque nós viemos em paz e com fé vamos voltar assim”, disse.
TRÁFICO
Na sexta, a Secretaria de Defesa Social divulgou nota afirmando que o aumento do tráfico de drogas é responsável por 60% dos homicídios no Estado e que ele está sendo combatido de forma intensa pelas forças de segurança, com investimentos, inteligência policial, repressão e prevenção, a partir de reforço no policiamento do Litoral Sul.