Polícia Civil

Decasp tem dois mil inquéritos que vão para novo departamento

Após sanção de lei que cria Departamento de Repressão ao Crime Organizado, haverá inventário de delegacias extintas

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 08/11/2018 às 7:36
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Após sanção de lei que cria Departamento de Repressão ao Crime Organizado, haverá inventário de delegacias extintas - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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As Delegacias de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp) e de Crimes contra a Propriedade Imaterial (Deprim) – extintas ontem, com a sanção da Lei Nº 16.455 pelo governador Paulo Câmara, vão passar por um inventário para transição de bens, material apreendido e inquéritos para o novo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Somente a Decasp tem cerca de dois mil inquéritos a serem repassados, segundo a ex-titular da pasta, delegada Patrícia Domingos, que recusou convite para ser adjunta do Draco. A nova unidade terá como gestora a delegada Sylvana Lellis, que estava à frente da Academia de Polícia Civil.

Em meio à polêmica que a extinção da Decasp vem gerando entre órgãos de fiscalização e movimentos sociais – que temem a descontinuidade das investigações de crimes de corrupção em andamento, a imprensa foi chamada para coletiva ontem à tarde, na sede da Secretaria de Defesa Social (SDS). O secretário-executivo, Humberto Freire, afirmou que o governo tem pressa em colocar a nova unidade em funcionamento, por isso o órgão já encaminhou decreto de regulamentação do Draco, que funcionará no antigo prédio da Delegacia de Roubos e Furtos, na Avenida Liberdade, em Tejipió, Zona Oeste do Recife, agregando seis delegacias.

“O funcionamento do Draco é imediato. Existem normas que preveem como é feita essa transição, com inventário dos materiais, das investigações, mas nenhuma delas para ou é encerrada. Elas serão redistribuídas de acordo com a competência de cada delegacia. O GOE, por exemplo, investigará policiais envolvidos em corrupção”, declarou o secretário. Segundo ele, nos próximos dias os móveis das delegacias extintas começam a ser transferidos para a nova unidade, que terá duas Delegacias de Polícia de Repressão ao Crime Organizado (DPRCO), sendo uma com atuação na capital e Grande Recife e outra no interior. A primeira terá como titular o delegado Diego Pinheiro, de Paulista. A segunda, a delegada Viviane Santa Cruz, hoje na Delegacia de Estelionato.

INTEGRAÇÃO

Também estarão integradas ao novo departamento as Delegacias Contra a Ordem Tributária (Deccot), de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DPCRICI), de Polícia Interestadual e Capturas (Polinter) e o Grupo de Operações Especiais (GOE), sendo que essas duas últimas se mantêm funcionando em suas sedes e as demais serão transferidas para a sede do Draco. “Temos certeza que estamos ampliando, fortalecendo o combate ao crime organizado”, salientou Freire, considerando o trabalho conjunto das delegacias, que terão mais de cem policiais, além dos planos de se criar mais seis delegacias de combate à corrupção no Sertão, Agreste e Zona da Mata até 2022.

Várias entidades questionam por que em vez de extinguir Decasp e Deprim elas não foram simplesmente interligadas ao Draco. A justificativa é que, pela Lei de Execuções Fiscais, não seria possível criar despesa em fim de governo. Mas por que não esperar para o próximo ano? Por que não manter como gestora de uma das delegacias a antiga titular que vinha trazendo bons resultados? Há interesse em parar alguma investigação? “Nós temos pressa em estruturar (o Draco) e não podemos nos apegar a pessoas ou estruturas que precisam dar lugar a uma visão mais moderna”, respondeu o gestor. “A delegada Patrícia Domingos foi chamada para adjunta, infelizmente num primeiro momento demonstrou desinteresse e a Polícia Civil vai achar um novo nome. As pessoas passam, se aposentam, mas as instituições têm que ser fortes e nós estamos trabalhando para isso. Não investigamos pessoas ou partidos, mas fatos”.

Nem o secretário nem o adjunto da Polícia Civil, Nehemias Falcão, falaram sobre os motivos apresentados por Patrícia. “Eu prefiro que perguntem isso a ela”, disse Falcão, acrescentando que ainda discutirá com ela sua nova locação e que a escolha de Sylvana Lellis foi meramente técnica. Patrícia Domingos também preferiu não comentar o assunto. Disse apenas não ter ainda informações sobre a transição.

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