Um texto ameaçando alunos e professores da Universidade de Pernambuco (UPE) foi fixado em quadros de aviso do Campus Mata Norte, em Nazaré da Mata, e começou a repercutir nesta quinta-feira (8). Caso semelhante já havia sido registrado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na terça-feira (6).
O texto colado no Campus Mata Norteda UPE, intitulado 'A doutrinação vai acabar. É o mito. Ustra vive!', faz relação ao futuro governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e exalta o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi chefe comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo entre 1970 e 1974 e tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça, em 2008, como torturador durante a ditadura.
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"O mito vem aí e a doutrinação vai acabar. Todos os professores, enganadores e doutrinadores da Universidade de Pernambuco vão ter que sair correndo. Serão todos demitidos e o mito vai estar de olho. Somos soldados do mito e é Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Vamos acabar com a doutrinação de Paulo Freire nas aulas de licenciatura. O Espaço de Paulo Freire vai ter que mudar de nome e será coronel Ustra. Queremos as verdades nas aulas, sem doutrinação e ideologia comunista", diz um trecho da mensagem.
A UPE informou que está tomando as providências judiciais cabíveis. A instituição tomou conhecimento do caso nesta quinta-feira (8) e retirou o material colocado nos quadros de aviso.
Ameaças a alunos e professores da UFPE
Professores e alunos do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foram xingados e ameaçados por meio de panfletos e mensagens na internet nos últimos dias. No caso mais recente, que começou a repercutir na terça-feira (6) nas redes sociais, uma lista intitulada “Doutrinadores e alunos que serão banidos do CFCH-UFPE, em 2019” intimida nominalmente cerca de 20 pessoas. Anunciando, no final: “vocês serão banidos! Escórias! O mito vem aí”, em uma relação ao futuro governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Primeiro a ser citado depois de “todos os alunos esquerdistas do curso de História’’, o professor de filosofia Michel Zaidan, classificado na lista como “doutrinador, comunista, antidemocrático” afirmou não estar se sentido ameaçado. Aposentado desde maio, o ex-servidor público suspeita de que a ação seja de “autoria de um grupo de neofacistas da universidade”. Também citado na relação, o sociólogo José Luiz Ratton, rotulado no texto como “doutrinador socialista que faz apologia ao uso de drogas junto aos seus orientandos esquerdistas’’, disse que está tomando as providências institucionais necessárias. “Todos os meios institucionais estão sendo buscados para que esse tipo de ameaça não volte a se repetir. As instituições precisam garantir os direitos não só dos professores citados, mas dos estudantes”.
Em outro caso, o professor de filosofia do CFCH Rodrigo Jungmann, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Federal após ter sua imagem, juntamente com os dizeres “pinguim da privataria”, colada em pilastras do centro estudantil. O cartaz aparece assinado pelo “Comitê de Luta Contra o Golpe - UFPE”. Anexado ao documento, também constam prints em que o professor é ameaçado de morte. “Estou lecionando normalmente, mas me sinto desconfortável e ameaçado permanentemente. As agressões morais são quase diárias. E não está afastada a possibilidade de uma agressão física, tendo havido inclusive uma ameaça de morte”, disse o professor.
A UFPE determinou, nesta quarta-feira (7), a abertura de sindicância interna para apurar as ameaças e insultos.