Embora a Secretaria de Defesa Social (SDS) tenha afirmado que houve uma queda de 48% no número de assaltos a ônibus no Estado entre janeiro e junho, em comparação com o mesmo período no ano passado, a população pernambucana segue com medo de utilizar o transporte coletivo. Segundo o Presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio, os dados da SDS não condizem com os seus. O sindicato registrou 1.279 assaltos durante os seis primeiros meses de 2018, enquanto a SDS registrou 439.
Segundo Benilson, os dados da SDS só contabilizam os assaltos a ônibus quando a empresa perde renda ou bens materiais. De acordo com presidente do sindicato, os coletivos que não têm cobrador ficam sem registros de ocorrências, já que apenas os passageiros perdem seus pertences.
"Os dados da SDS nunca vão bater com os nossos. Já solicitamos a eles mudem essas contas dizendo para a secretaria aonde ocorreram os assaltos e os detalhes dos crimes. Mesmo assim, eles não tomam alguma providência", conta Benilson.
Prisões
A SDS informou que de 844 ocorrências registradas pela polícia no ano passado, o total caiu para 439 de janeiro a junho deste ano, afirmando que, somente em junho, as queixas diminuíram de 113 para 95, uma diferença de 15,9%. A secretaria contou ainda que uma das estratégias exitosas no combate aos assaltos é a Força-Tarefa Coletivos, cujas ações coordenadas já resultaram na prisão de 80 assaltantes de ônibus este ano.
Benilson discorda da efetividade da SDS, contando que vários locais seguem tendo diversos assaltos a ônibus, como em Jardim Brasil e na PE-015, localizados em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). "É preciso haver uma guarnição na área de Jardim Brasil e na PE-015. Estes locais são pontos fixos de assaltos onde a população já está cansada de ser vítima dos assaltantes", afirmou.
Vítima de assalto
A estudante Maria Camila Neves é uma das vítimas de assalto neste ano. No dia 2 de julho, Maria ela foi apedrejada em uma ação criminosa. "Foi terrível. O ônibus foi abordado por 4 assaltantes na Avenida Sul por volta das 19h, quando estava parado no semáforo que dá acesso a Afogados, na Zona Oeste do Recife. Um homem armado rendeu o motorista e o obrigou a abrir as portas, enquanto outros jogaram pedras nos vidros do coletivo e fui atingida", explicou.
A estudante disse que os dados de diminuição dos assaltos aos coletivos não a tranquilizam. "Na prática, a realidade é bem diferente do que apontam as pesquisas. Impossível se sentir segura. Eu fui vítima e senti na pele o abandono da população pelo poder público. Eu realmente não me lembro de termos vivido tempos tão críticos referente à segurança no Estado como agora", disse.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários contou que já realizou medidas para combater os assaltos nos ônibus. "Já fizemos diversos protestos contra estes assaltos para que alguma medida seja tomada e que mudanças aconteçam. Realizamos também inúmeras reuniões com autoridades para que algo aconteça, mas, até agora, nada foi feito."
A artesã Regina Santos, de 30 anos, prefere usar aplicativos de mobilidade para tentar fugir dos assaltos. "Já fui assaltada há uns anos quando estava vindo do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, para minha casa. Vi uma pessoa ser baleada dentro do ônibus e, desde então, só pego qualquer transporte coletivo quando realmente preciso", declarou.
Ocorrências em julho
Ainda de acordo com Benilson Custódio, em julho, foram registrados 238 assaltos, tendo um aumento comparado ao mês de junho, quando, segundo o presidente, houve 203 assaltos. Os dados do mês de julho registrados pela Secretaria de Defesa Social vão ser divulgados apenas no meio do mês de agosto. Mas, para Benilson, a diferença de assaltos a ônibus não é satisfatória para a população.
"Em 2017, havia entre 14 e 18 assaltos por dia. Neste ano, recebemos entre seis e nove ocorrências do crime nos transportes coletivos. Este número não faz com que a sociedade fique mais tranquila, pois as pessoas continuam podendo ser vítimas de um assalto a ônibus a qualquer momento e em qualquer lugar no estado de Pernambuco", avaliou Benilson.
Em contrapartida, a SDS afirmou, em nota, que trabalha no combate aos assaltos a ônibus com reuniões semanais para monitorar a Força-Tarefa, resultando numa diminuição importante no número de crimes nos transportes coletivos. A Secretaria de Defesa Social conta, ainda, que 80 assaltantes já foram presos apenas no primeiro semestre deste ano.
Confira a nota:
A Secretaria de Defesa Social (SDS) informa que, entre as estratégias de combate aos assaltos a ônibus, destacam-se a Força-Tarefa Coletivos, cujas ações coordenadas já resultaram na prisão de 80 assaltantes de ônibus no primeiro semestre deste ano, e a Operação Transporte Seguro, que está reforçando as abordagens nos principais corredores viários da Região Metropolitana do Recife (RMR), a partir do mapeamento das manchas criminais
Também foi ampliada a atuação da Polícia Militar, por meio dos Batalhões da RMR e das unidades especializadas BPChoque, CIPMoto/ROCAM e Batalhão de Radiopatrulha, além do serviço de inteligência. A Polícia Civil, por sua vez, envolve 10 Delegacias Seccionais na FT Coletivos, investigando crimes, cumprindo mandados de prisão e analisando vídeos de ocorrências enviados pelas empresas de ônibus.
Reuniões semanais das operativas da SDS monitoram a Força-Tarefa, que conta com o apoio do Grande Recife Consórcio e das empresas. Como consequência do reforço, o Estado vem verificando uma redução importante de assaltos a coletivos, os quais tiveram queda de 48% nos primeiros seis meses de 2018, no comparativo com igual período em 2017. A atuação das Polícias Civil e Militar no combate a esse tipo de crime trouxe, igualmente, resultados positivos quanto à captura de acusados de assaltos a coletivos. Somente no ano passado, efetuaram-se 297 prisões.