A Polícia Federal realizou na manhã desta quinta-feira (10) a Operação Bravata, que visa combater crimes praticados via internet como o racismo, ameaça, incitação ao crime e terrorismo. Um homem, influente em um dos fóruns que reproduzem mensagens preconceituosas, foi preso no Paraná durante a operação. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos pelos federais, sendo um deles no Recife. Os alvos são suspeitos de participar dos fóruns como criadores e moderadores.
Além da capital pernambucana, as cidades de Curitiba, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP, Santa Maria/RS e Vila Velha/ES também foram alvos da operação.
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Segundo a Polícia Federal, a investigação teve início com base nos acontecimentos após a Operação Intolerância, em 2012, quando dois homens foram presos. Na época, a PF constatou que haviam outros indivíduos associados aos que haviam sido detidos e que teriam continuado a praticar crimes nos mesmos meios virtuais ou, até, criando novos ambientes. Segundo o delegado do caso, Flávio Setti, os crimes ficaram mais constantes após a prisão dos acusados em 2012.
Os investigados irão responder pelos crimes de associação criminosa, ameaça, racismo, e incitação ao crime. As acusações levaram em conta os sites e fóruns mantidos na internet que incentivam a prática de diversos crimes, como o estupro e o assassinato de mulheres e negros. Além disso, incitam o terrorismo, havendo evidências de que os membros desses fóruns foram responsáveis por ameaças de bomba feitas a várias universidades do Brasil. A soma das penas dos crimes investigados podem chegar aos 39 anos de reclusão.
O único preso foi encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde ficará à disposição da Justiça. Os alvos dos mandados de busca e apreensão foram procurados para prestar esclarecimentos.
Conhecido da polícia
Alvo do mandado de prisão, Marcelo Valle Silveira Mello, de 33 anos, foi o primeiro condenado da Justiça brasileira por crimes de racismo na internet, após publicar em rede social que negros eram “subdesenvolvidos” e “incapazes”. A condenação aconteceu em 2009, quando foi punido por um ano e dois meses de reclusão.
Não demorou tanto para ele voltar aos holofotes da Polícia Federal. Em 2012, durante a Operação Intolerância, Marcelo foi um dos acusados pelos crimes de apologia a violência, manter blog que incita o racismo e outros tipos de preconceitos. Mais uma vez ele veio a ser condenado, dessa vez por seis anos e sete meses de prisão semiaberta. Mas, em 2015, foi liberado.
Marcelo Mello não mudou seus hábitos e chegou a ganhar visibilidade após disparar ofensas contra uma blogueira feminista e professora da Universidade Federal do Ceará, além de ameaçá-la de morte.
Ele voltou a ser investigado e, na Operação Intolerância, voltou a ser preso.