Tiroteios, invasões a residências e toque de recolher. A violência que mergulhou o bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, em uma atmosfera de terror desde o início do mês foi pauta de uma reunião entre organizações da sociedade civil, representantes do governo do Estado, da prefeitura, Mistério Público de Pernambuco (MPPE) e da Câmara de Vereadores, na manhã de ontem. O encontro, articulado pelo Fórum Popular de Segurança Pública em Pernambuco, aconteceu na sede da Ouvidoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), com o objetivo de cobrar respostas das autoridades para denúncias realizadas por moradores do local. Segundo eles, uma verdadeira guerra entre traficantes e policiais está sendo travada no bairro nas últimas semanas.
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“Foi uma reunião produtiva, ao nosso entender. A gente pôde, pessoalmente, solicitar informações de várias instâncias”, avaliou Edna Jatobá, coordenadora do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), que integra o fórum. Segundo ela, o poder público se comprometeu em pontos importantes. “Fizemos uma mediação para que as famílias das pessoas que perderam a vida recentemente recebam orientações jurídicas e psicológicas, através de um programa do governo. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Recife esteve presente e também se mostrou sensível ao nosso pedido de identificar e oferecer proteção a pessoas possivelmente ameaçadas na comunidade.”
A Ouvidoria da SDS recebeu um material com depoimentos anônimos de moradores a respeito de casos de violência policial. Em nota, o órgão informou que o grupo foi recebido pelo ouvidor-geral Manoel Caetano Cysneiros e “optou por não fazer uma denúncia ou abrir processo por não dispor, no momento, de nenhuma informação precisa que pudesse subsidiar uma queixa contra a Polícia Militar ou algum policial”.
CONSEQUÊNCIAS
Na pauta da reunião também estiveram as consequências do aumento da violência na região. “Queremos entender como as escolas, os serviços, os atendimentos em órgãos públicos foram afetados pela situação. Conseguimos lançar luz sobre a situação no Ibura. Não estamos pleiteando somente a atividade da polícia dentro da lei, mas o acesso a educação, saúde e equipamentos sociais. Estamos bastante vigilantes. Nosso desejo é que as pessoas tenham mais tranquilidade”, defendeu Edna Jatobá. Um novo encontro, no qual devem ser apresentados os dados solicitados pelo movimento, está sendo marcado para o fim da próxima semana.