SEM PUDOR

Quadrilha cercou batalhão da PM durante ação contra bancos em Surubim

Em uma ação ousada, os bandidos cercaram o 22º Batalhão, que é um dos mais bem preparados e completos de todo Estado de Pernambuco, responsável por mais cinco municípios, além de Surubim

JC Online
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Publicado em 10/07/2018 às 14:56
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Tiros com armas de grosso calibre, planejamento minucioso do crime, reféns e um ataque a um dos batalhões mais bem preparados de toda região. Assim foi a madrugada no município de Surubim, no Agreste do estado nesta terça-feira (10). Sem pudor, cerca de 40 homens fortemente armados invadiram a cidade e fizeram, sem medo da lei, um dos maiores e ousados ataques a bancos nos últimos anos em Pernambuco.

O comandante do 22º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Raul Cavalcante, disse à Rádio Jornal Limoeiro que o grupo criminoso que explodiu quatro agências bancárias em Surubim, cercou a sede do batalhão para impedir a saída dos policiais. A unidade, que é responsável pelos municípios de Belo Jardim, Feira Nova, Machados, Passira e Salgadinho, além de Surubim, é equipada e uma das mais bem preparadas de toda região, mesmo assim não foi motivo para a quadrilha, que estava fortemente armada, se sentir amedrontada.  

A ação, que durou cerca de 1h30, não pôde ser controlada pelos sete policiais militares que estavam de plantão no 22º Batalhão. Isso porque os agentes se viram “encurralados” pelos criminosos. Em uma ação esquematizada, um grupo se concentrou em frente ao quartel e queimou um carro no portão de entrada do local, na tentativa de impedir a passagem das viaturas. Ao mesmo tempo, iniciaram uma intensa troca de tiros com os agentes, que tentavam fazer com que eles não entrassem na unidade. 

“A ordem foi não atirar pois haviam reféns com eles”, conta o subcomandante do batalhão. Cerca de sete equipes da facção criminosa se dividiram nos principais pontos da cidade. Em 10 a oito picapes, os integrantes se posicionaram nos bancos, outra ocupou o quartel e outras fecharam a entrada da cidade e a passagem dos principais bairros de Surubim.

Ao amanhecer, a população, que nem dormiu assustada com a quantidade de tiros que ouviram, saíram de suas casas e se depararam com as marcas das balas no centro da cidade, que chegaram até a atingir a parede do primeiro andar de uma das agências.  

Usando fuzis automáticos, que dão rajadas, o grupo amedrontava os reféns, que ainda não se sabe quantos foram.

Apesar da investida ser esperada pela população, por conta dos diversos roubos a bancos que foram feitos nos municípios vizinhos, ninguém estava preparado para conter a quadrilha. “Esta foi uma situação atípica em Surubim”, lamenta o subcomandante da PM. Clientes das agências bancárias de outras cidades, por não terem mais bancos abertos na região, se deslocavam até Surubim, e isso pode ter despertado o interesse da quadrilha, já que quase não restavam mais bancos no entorno da região a serem abordados.

Ainda de acordo com o subcomandante, Surubim pode ter sido escolhida pela facção por ter quatro grandes bancos muito próximos, o que facilitaria a investida da quadrilha que já é especialista nesse tipo de crime.

Há a confirmação de dois cofres explodidos, mas ainda não se sabe se eles conseguiram levar alguma quantia em dinheiro.

Após a saída dos criminosos da cidade, as viaturas voltaram a circular normalmente. Viaturas de cidades vizinhas também juntaram-se ao efetivo de Surubim. 

Fuga

Na fuga, que não pôde ser contida pelos militares, os bandidos espalharam grampos pela PE-90, que fica na saída de Surubim. A 18 Km do centro da cidade, eles queimaram mais um carro, de modelo Estrada.

O estrago feito durante a investida não prejudicou apenas os bancos. Um borracheiro, que fica na PE-90, contou, em entrevista ao Jornal do Commercio, que desde as 4h da manhã trocou os pneus de mais de 70 carros que passavam na rodovia e eram surpreendidos com os diversos grampos na pista. Entre os veículos atendidos pelo homem, está uma viatura da Polícia Militar, que teve os quatro pneus furados com o artefato.

Investigação

Várias câmeras de segurança flagraram a ação dos bandidos. As imagens serão usadas para fazer a identificação dos envolvidos. “As diligências continuam. Será feita a identificação do grupo, de onde eles vêm e todos os detalhes. A polícia judiciária já iniciou as investigações”, conta o subcomandante.

Uma ação conjunta da Polícia Militar, Civil e Federal darão continuidade às buscas.

Giovani Santoro, chefe de comunicação social da Polícia Federal, conta que ainda é muito cedo para traçar uma linha de entendimento sobre a facção. Recentemente houveram investidas a bancos em Buenos Aires e em Pombos, e com base na primeira perícia, há fortes indícios que é o mesmo grupo. “Pelos artefatos deixados, o tipo de explosivos, e a maneira que agem, tudo leva a crer que se trata da mesma quadrilha”, conta Giovani. 

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Foto: Reprodução/Facebook
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População sem bancos e com medo

Humberto Freire, Secretário Executivo de Defesa Social, informa que os que precisarem das agências bancárias devem se deslocar aos municípios vizinhos para receberem atendimento, até que as agências sejam reestruturadas, o que deve acontecer “o mais rápido possível”.

Sobe para 102 o número de investidas em 2018

De acordo com o Sindicato dos Bancários, com esta ação criminosa em Surubim, as ocorrências em bancos sobem para 102 investidas. Da forma de agir, 43 foram com explosões, 27 arrombamentos, 18 assaltos e uma invasão. Ainda aconteceram dois sequestros e 11 estelionatos.

Apesar das constantes investidas criminosas a bancos em Pernambuco, o quantitativo ainda está abaixo do que foi registrado em 2017. Esses foram os dados do Sindicato dos Bancários, divulgado no início de julho. As estatísticas mostram que os assaltos entre janeiro e junho deste ano chegaram a marca de 93 ocorrências, quatro a menos que no ano passado. Por outro lado, o mês de julho já começou com um roubo em uma agência bancária no Estado.

O Agreste e Região Metropolitana do Recife são os maiores alvos dos grupos criminosos. O primeiro semestre do ano já marca 40 e 21 roubos a bancos, respectivamente. Em 2017, a RMR somou 63 ocorrências deste tipo.

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