Transtornos

Chuva deixa rastro de destruição e centenas de desabrigados no interior de Pernambuco

Apenas em Bodocó, no Sertão, 817 pessoas estão desabrigadas

Da editoria de Cidades
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Publicado em 15/04/2018 às 6:15
Foto: Louise Marques/ JC Imagem
Apenas em Bodocó, no Sertão, 817 pessoas estão desabrigadas - FOTO: Foto: Louise Marques/ JC Imagem
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A chuva que atingiu Bodocó, no Sertão de Pernambuco, distante 640 quilômetros do Recife, levou a prefeitura a decretar estado de emergência por 180 dias e suspender as aulas nas escolas da rede municipal de ensino por uma semana, no mínimo. A decisão foi tomada sexta-feira (13), após a Secretaria de Assistência Social da cidade contabilizar 817 pessoas desabrigadas e 350 imóveis prejudicados pela inundação nas áreas urbana e rural do município.

De acordo com a prefeitura, os pluviômetros registraram chuva de 20 milímetros a 70 milímetros em Bodocó, das 22h da quinta-feira até as 6h30 da sexta-feira. Cada milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado. Por causa do temporal a Ponte Rio Pequi cedeu, interceptando o principal acesso ao município pela Rodovia Asa Branca (PE-545).

Equipes do Exército visitarão o local neste domingo (15), para avaliar os danos na rodovia e tentar estabelecer um acesso provisório, segundo informações da assessoria de imprensa do município. A ponte corre o risco de desabar e está interditada por tempo indeterminado. O prejuízo, diz a prefeitura, é grande porque Bodocó é passagem obrigatória para quem sai de Ouricuri com destino a Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará.

Desde a sexta-feira, os desabrigados estão alojados no Colégio Municipal Antônia Lócio da Cruz, Centro de Educação Infantil Dorina Ferraz e Centro Pastoral da Igreja Católica, na região central de Bodocó. A prefeitura teve o apoio da Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), Corpo de Bombeiros e Polícia Militar para fazer o resgate das famílias que ficaram ilhadas.
Com a chuva forte, vários riachos que cortam a zona rural transbordaram e abriram crateras nas estradas, dificultando o acesso às localidades. A população de Bodocó é de quase 42 mil habitantes, sendo 70% moradores da zona rural. O número de pessoas desalojadas – acolhidas em casas de parentes e amigos – ainda será divulgado pelo município.

SURUBIM

Sem registrar chuva intensa havia sete anos, o município de Surubim, no Agreste do Estado, a 119 quilômetros da capital, enfrentou na última sexta um temporal que durou seis horas, de 1h da madrugada até 7h. Os 74 milímetros de chuva alagaram ruas e inundaram casas nos bairros Bela Vista e São José, sem deixar famílias desabrigadas ou desalojadas.

Pelos registros da Codecipe, 20 casas ficaram alagadas em Surubim na sexta-feira. O bairro Bela Vista, conhecido como Salgado, foi o mais prejudicado. “Acordei às 5h da manhã com a casa cheia d´água, consegui suspender alguns móveis, mas perdi a cama do meu filho”, afirma a auxiliar de costureira Maria da Conceição Alves de Santana, 39 anos, que vive no local há três meses, às margens de um riacho.

O vizinho dela, o biscateiro Dorgivan José Barbosa da Silva, 34, disse que água entrou de repente na casas. “Moro aqui há 16 anos e é a primeira vez que isso acontece. Levantamos rápido para salvar as crianças e os animais (porcos criados em chiqueiros). Um vizinho ajudou o outro. Quando a água baixou, lá pelas quatro horas da tarde, limpamos as casas e dormimos aqui mesmo”, declara Dorgivan Barbosa.

Ontem, a prefeitura visitou a área com a Defesa Civil, em busca de uma solução para evitar enchentes no riacho, que deságua no Rio Caiaí, afluente do Rio Capibaribe. Ainda em Surubim, na Rua Dom Pedro II, a família do ajudante de pedreiro Veneziano José de Melo, 67, teve a casa alagada e perdeu quase todos os móveis durante o temporal da sexta-feira.

“Um vizinho tapou o bueiro, a água da chuva não tinha para onde correr e entrou na nossa casa, que fica mais baixa em relação à rua”, lamenta Marilene Souza de Melo, 33, filha de Veneziano de Melo. Móveis e calçados foram colocados na rua, na manhã ensolarada, de ontem, para secar. “A prefeitura levou para o lixão guarda-roupa, estante e sofá que ficaram imprestáveis”, diz ele.

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