Os casos suspeitos de dengue, chicungunha e zika não param de seguir uma curva de ascensão. Só nas primeiras dez semanas epidemiológicas do ano, já são 54.348 registros de pessoas que adoeceram com sintomas de uma das três arboviroses – 8.858 dessas notificações foram feitas num período de apenas sete dias (6 a 12 de março), segundo boletim divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e que considera os dados até o dia 12 deste mês.
A partir dos dados de uma semana, uma conta rápida pode sugerir que teoricamente, em Pernambuco, tem sido registrado diariamente um universo de 1.265 casos suspeitos de dengue, chicungunha ou zika. Na prática, muitas notificações se acumulam e chegam de uma só vez no sistema.
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Esse recorte serve para reforçar o alerta de que nunca é demais incrementar as estratégias de fortalecimento das ações de combate aos possíveis focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti, seja em casa, em prédios públicos, nas ruas, no ferro-velho ou nos imóveis abandonados. O momento não é de descaso e nem de dar pausa nas medidas necessárias para eliminar os criadouros. “Historicamente é no mês de março que se inicia o padrão climático que favorece o aumento de proliferação do mosquito. É agora que passamos a observar o retorno das chuvas aliado ao calor”, informa o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da SES.
Esse cenário pode favorecer o acúmulo de maiores incidências das doenças a partir deste mês, mas já se sabe que a transmissão dos vírus que o Aedes carrega pode acontecer ao longo do ano, o que reforça um caráter endêmico. Só a dengue está presente em 182 municípios do Estado – e os especialistas não têm dúvida de que o mapa geográfico da dengue é igual ao da zika.
Em relação ao quadro da dengue nas oito últimas semanas, a SES enumera 57 municípios mais incidentes (número de casos por 100 mil habitantes). No topo da lista, está Itambé, na Zona da Mata Norte. Por lá, são 1.432 casos prováveis de dengue para uma população de 36.278 habitantes. Ou seja, se o município tivesse 100 mil habitantes, essa incidência seria de 3.947 doentes. Em seguida, despontam como mais incidentes Camutanga (Zona da Mata Norte), Poção (Agreste), Goiana (Zona da Mata Norte) e Brejo da Madre de Deus (Agreste).
“A lista dos municípios mais incidentes é uma prova de que o controle vetorial tem que ser contínuo e depende muito da realidade enfrentada por cada cidade. É preciso analisar, por exemplo, se a falta de água de forma pontual em algum desses municípios tem contribuído para o aumento de casos”, diz George. Ele se refere a um problema comum: a intermitência de água leva a população a acumular água – hábito que, feito de forma incorreta, torna o terreno fértil para criadouros.