A epidemia de casos de dengue, zika e chicungunha levou a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope) a cancelar a coleta externa de sangue em municípios da Região Metropolitana do Recife e da Zona da Mata pernambucana desde janeiro deste ano. Quem já foi infectado por alguma dessas arboviroses deve esperar no mínimo 30 dias para realizar algum procedimento sanguíneo nos hemocentros do país, de acordo com a recomendação feita pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2015. Com o estoque de bolsas sanguíneas em baixa, o hemocentro conta com a ajuda da população para manter os níveis de doação.
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Além de todas as condições restritivas sobre idade, alimentação, doenças sexualmente transmissíveis, piercings, tatuagem, hepatite e diabetes, quem já foi infectado por alguma arbovirose deve esperar no mínimo trinta dias apos estar livre das doenças para realizar algum procedimento sanguíneo nos hemocentros. O cancelamento da coleta externa já representa uma baixa de 10% no estoque de sangue, correspondente a cerca de 150 pessoas a menos doando sangue.
De acordo com a supervisora de captação de coletas de sangue do Hemope, Josinete Gomes, a falta de conhecimento sobre uma possível infecção por meio do sangue de pessoas que já tenham contraído alguma das doenças faz com que os cuidados prévios à liberação da doação sejam reforçados. "Diariamente, trabalhamos com um processo de convocação, no qual contatamos pessoas que já doaram e manifestaram algum interesse de continuar contribuindo com o Hemope. Esse serviço, antes da epidemia, era correspondido por cerca de 50% das pessoas procuradas. Hoje, muitos, antes mesmo de passar pelo processo de triagem, já alegam que contraíram as doenças e por conta disso já são descartados de uma possível doação", explica.
Com capacidade para coletar até 400 bolsas de sangue por dia, o Hemope consegue em média efetuar 280 procedimentos de doação, número que ainda é baixo e faz com que alguns tipos sanguíneos estejam quase em falta. Os primeiros meses do ano geralmente são de queda no número de doadores. Em 2016, com o período de férias e logo em seguida o Carnaval, o Hemope deixou de coletar, num comparativo entre os meses de janeiro e fevereiro, 1.081 bolsas. Para tentar manter um nível satisfatório de doações, o hemocentro recorre a instituições religiosas, empresas e universidades.
Por iniciativa própria, doadores também tentam ajudar a coleta no hemocentro. O manobrista Alexandre Vicente de Assunção, 41 anos, tornou-se um "doador de carteirinha" após doar sangue para um amigo. "Desde que doamos para um colega, montamos um grupo numa rede social. Por lá, sempre estamos em contato e pelo menos três vezes ao ano combinamos para alguém vir doar", afirma o manobrista, que não para de tirar fotos do ato de solidariedade para comprovar aos amigos do grupo que a doação foi realizada.
Além de procurar uma unidade de hematologia de forma espontânea, para doar sangue, é preciso passar por um processo de triagem com médicos que atestam as condições de saúde necessárias para a coleta. Durante essa consulta, mais de 20% das pessoas que antes estavam aptas a doar tornam-se incapazes devido a algum problema de saúde. Além do hemocentro do Recife, na Rua Joaquim Nabuco, nas Graças, que atende de segunda a sábado, inclusive durante os feriados, outras unidades também recebem doações em municípios do Agreste e Sertão do estado. Confira os endereços:
Hemocentro Regional de Caruaru- Avenida Oswaldo Cruz s/n, bairro Maurício de Nassau;
Hemocentro Regional de Garanhuns- Rua Gonçalves Maia, bairro Heliópolis;
Núcleo de Hemoterapia Regional Arcoverde- Av Joaquim Nabuco, bairro São Cristovão;
Núcleo de Hemoterapia Regional Salgueiro- Rua Joaquim Gondim, bairro Santo Antônio;
Hemocentro Regional Petrolina- Rua Pacífico da Luz, Centro;
Hemocentro Regional Ouricuri- Rua Ullisses Guimarães, Centro;
Hemocentro Regional Serra Talhada- Rua Joaquim Godoy, Centro.