O Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), ligado à Universidade de Pernambuco (UPE) e responsável pelo atendimento de 4 mil pacientes por mês que convivem com algum tipo de câncer, volta a se mobilizar para fazer funcionar a unidade de radioterapia, uma forma comum de tratamento da doença caracterizada pelo uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor. No último sábado, o Huoc tirou da caixa o acelerador linear, que libera radiação e estava armazenado há pelo menos oito anos. Outros dois equipamentos de radioterapia, que também nunca foram usados, continuam ociosos.
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Com a iniciativa, a direção do hospital alega que começa a cumprir o compromisso para instalação das máquinas e a abertura do setor, que funcionará ao lado do Centro de Oncologia (Ceon) do Huoc. Ainda assim, o prazo para inauguração da unidade continua indefinido. “Estamos seguindo os trâmites legais e caminhando com os processos de licitação, mas a parte física está praticamente pronta. O acelerador linear precisa agora de atualização de software para funcionar”, diz o superintendente médico do Huoc, Gustavo Trindade.
Ele ressalta que os três equipamentos (acelerador linear, fonte de cobalto e conjunto de braquiterapia) foram adquiridos a partir de um convênio firmado com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Na época, anunciou-se que a instituição investiu cerca de R$ 5 milhões nos equipamentos. “Agora estamos iniciando uma conversa com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para acertar os processos finais para as máquinas funcionarem”, informa Gustavo.
Em nota, a assessoria de comunicação da Universidade de Pernambuco ainda acrescenta que, para o serviço entrar em operação, será necessária também a aquisição da fonte de cobalto e de acessórios médicos hospitalares específicos para o setor, além da realização de concurso público para contratação de profissionais habilitados para a unidade. “A UPE esclarece que o referido concurso depende de negociações com o governo do Estado”, afirma a nota.
Sem a radioterapia, o Huoc deixa de oferecer esse tipo de tratamento para os pacientes do hospital que têm indicação para debelar ou controlar o câncer por meio do uso das radiações ionizantes. “Para se ter ideia, uma máquina de radioterapia pode atender até 90 pacientes por dia. Um tratamento dessa linha dura, em média, 30 dias e pode ser indicado para diversos tipos de tumores, como câncer de mama, esôfago, estômago e próstata, entre outros. Além disso, a radioterapia pode ser administrada simultaneamente a outros tratamentos e em alguns casos de metástase”, esclarece a oncologista do Huoc Cristiana Tavares.
A médica informa que, pela falta de radioterapia na unidade, os pacientes atendidos no Ceon que precisam dessa modalidade terapêutica são encaminhados para os serviços credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) onde o tratamento é oferecido: Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Hospital São Marcos, Hospital Real Português (todos esses no Recife) e Hospital Santa Águeda (Caruaru). O HCP tem alcançado uma média mensal de 8.132 aplicações de radioterapia este ano, enquanto o Hospital Real Português chega a 7 mil aplicações por mês em pacientes do SUS. Já o serviço de radioterapia do Imip atende entre 90 a 95 pacientes por dia.
No Huoc, segundo Cristiana, dos 4 mil pacientes atendidos por mês com algum tipo de câncer, entre 30 a 40 são encaminhados para essas unidades a cada 30 dias. “Os pacientes do Huoc têm demorado cerca de dois meses para iniciar a radioterapia nesses serviços, que também precisam atender seus pacientes. Além disso, a situação no interior também é bastante delicada, pois apenas em Caruaru há unidade credenciada ao SUS para esse tipo de tratamento. Por isso, é importante que o serviço de radioterapia do Huoc entre em operação o mais breve possível, para desafogar o fluxo no Estado”, finaliza Cristiana.