SAÚDE

Muriçoca é potencial vetor do vírus causador da zika, confirma Fiocruz

Estudo aponta, pela primeira vez, a implicação de outra espécie de mosquito, diferente do gênero Aedes, na transmissão de zika

Da editoria de Cidades
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Publicado em 21/07/2016 às 15:12
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Estudo aponta, pela primeira vez, a implicação de outra espécie de mosquito, diferente do gênero Aedes, na transmissão de zika - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Atualizada às 17h43

Pesquisa inédita realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectou a presença do vírus zika em mosquitos Culex quinquefasciatus (a popular muriçoca ou pernilongo doméstico) coletados na cidade do Recife. Esse achado confirma a espécie como transmissor do vírus causador da zika. Até então, de acordo com a literatura científica, não havia sido comprovada até o momento. A constatação comprova que o Aedes aegypti não é vetor exclusivo do zika.

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A pesquisa foi conduzida pela Fiocruz Pernambuco na Região Metropolitana do Recife, onde a população do Culex quinquefasciatus é cerca de 20 vezes maior do que a população de Aedes aegypti. Os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus infectados naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 pools (cada um é constituído de um a dez mosquitos coletados em cada localidade, separado por sexo e espécie) de mosquitos analisados até o momento. Em duas dessas amostras, os mosquitos não estavam alimentados, demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto, e não em uma alimentação recente num hospedeiro infectado.

A coleta dos mosquitos foi feita com base nos endereços dos casos relatados de zika nas cidades do Recife e Arcoverde, obtidos com a Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES-PE). O número total de mosquitos examinados na pesquisa foi de aproximadamente 500. O objetivo do projeto foi comparar o papel de algumas espécies de mosquitos do Brasil na transmissão de arboviroses. Foi dada prioridade ao vírus zika devido a epidemia da doença no Brasil e sua ligação com a microcefalia. 

A partir dos novos achados, serão necessários estudos adicionais para avaliar o potencial da participação do Culex na disseminação do zika e seu real papel na epidemia. O estudo atual tem relevância importante, já que as medidas de controle de vetores são diferentes. Até os resultados de novas evidências, a política de controle da epidemia de zika continuará pautada pelas mesmas diretrizes, com foco no controle do Aedes aegypti.

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