Vacina

Mesmo com vacina, não é hora de relaxar na prevenção contra o Aedes

Como o imunizante contra a dengue tem eficácia de 66% e se destina a um público específico, métodos atuais de prevenção precisam ser mantidos

Da editoria de Cidades
Cadastrado por
Da editoria de Cidades
Publicado em 04/08/2016 às 8:50
Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
Como o imunizante contra a dengue tem eficácia de 66% e se destina a um público específico, métodos atuais de prevenção precisam ser mantidos - FOTO: Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
Leitura:

As primeiras doses da vacina Dengvaxia, liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o combate à dengue no País, chegaram nesta quarta-feira (4) ao Estado, mas a população deve tomar cuidado ao encarar a imunização como solução definitiva contra à arbovirose. Além da eficácia global da vacina ser de pouco mais de 60%, abaixo do recomendado pelos especialistas, o preço e a faixa etária priorizada impedem o acesso de boa parte da população ao medicamento. As ressalvas reforçam a importância dos métodos já conhecidos de prevenção ao mosquito, como não deixar água acumulada e manter recipientes bem tampados. 

De acordo com a infectologista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Vera Magalhães, apesar de a vacina ser a primeira a dar uma resposta positiva contra a doença, há contrapontos que precisam ser feitos. Um deles diz respeito à efetividade do produto. Mesmo que, nos períodos de teste, o medicamento tenha reduzido em 81% as internações e 93% dos casos graves da doença, a eficácia contra os quatro tipos de dengue é de 66%. 

“Consideramos uma vacina com boa efetividade a que tem acima de 80% de eficácia. A vacina contra a dengue só tem 66%. Não é ruim, vai ser útil, mas não será suficiente para superar essa situação de epidemia”, pontua. 

Outra questão levantada pela professora é sobre o acesso às doses. “A vacina não será disponibilizada na rede pública, só na privada, e é cara. Só pessoas entre 9 e 45 poderão tomar. É um grupo importante, mas não contempla a todos”, observa. As três doses podem custar entre R$ 750 a R$ 900 em clínicas especializadas. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, do dia 1° de janeiro até o dia 30 de julho deste ano, 65 óbitos por arboviroses foram confirmados em Pernambuco, a maioria deles por dengue e mais da metade (38) concentrado na população idosa, acima de 60 anos, grupo impossibilitado de receber o imunizante. 

Diante do quadro, os métodos tradicionais de combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti não devem cessar. “Só a vacina não dará conta. A principal medida é fornecer condições adequadas de vida à população, com políticas que melhorem o saneamento básico, a coleta de lixo e o acesso à água encanada. As pessoas também precisam fazer seu papel”, destaca Vera Magalhães. A especialista lembra que muitas pessoas ainda deixam água acumulada em recipientes inadequados e mal tampados, um ambiente propício para a proliferação do mosquito transmissor também da chicungunha e da zika, doenças que a nova vacina não combate. 

Procura em Pernambuco

A primeira clínica em Pernambuco a receber doses da Dengvaxia foi a Cidrim Vacinas, com três unidades no Recife. Mil frascos foram comprados. Cada um é suficiente para vacinar cinco pessoas. Uma lista de espera foi feita para os interessados em receber a imunização, que será agendada e realizada à medida que os grupos forem fechados. Segundo o gerente da clínica, Ludovico Freitas, até a tarde de ontem, cerca de 70 pessoas haviam se cadastrado para agendar a aplicação da vacina. Outra clínica, a Vaccine, também na capital, receberá doses ainda esta semana. 

Estão aptas a se vacinar pessoas entre 9 e 45 anos, exceto as mulheres que estiverem grávidas ou amamentando e portadores do vírus HIV. As três doses devem ser tomadas com intervalos de seis meses entre cada uma. Custam individualmente de R$ 250 a R$ 300. 

Últimas notícias