No cenário da saúde pública, Pernambuco surpreendeu, no ano passado, pela rápida expansão geográfica inesperada de chicungunha em praticamente todo o Estado, o que fez alavancar as estatísticas em relação ao universo de pessoas que adoeceram pelo vírus e que foram a óbito. Ainda assim, há municípios pernambucanos no Sertão que não viveram epidemia de chicungunha em 2016, o que exige uma vigilância maior das autoridades de saúde para que sejam notificados e acompanhados possíveis casos suspeitos da doença neste verão.
“Sabemos que, no Sertão, o vírus da chicungunha não circulou muito (em comparação com cidades do Grande Recife e Agreste). Todos os locais onde até agora não teve alta incidência da doença, há provavelmente populações susceptíveis (ao adoecimento pelo vírus). Então, é muito importante que esses municípios se mantenham mais em alerta do que os outros (onde mais pessoas tiveram a doença e, por isso, estão imune à infecção pelo vírus)”, orienta o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
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Entre as cidades que mais devem ficar atentas a possíveis surtos de chicungunha, estão as sete (Petrolina é uma delas) que fazem parte da 8ª Gerência Regional de Saúde (Geres), que desponta como a área onde foram registrados menos casos da doença no ano passado. Ao todo, 575 pessoas na adoeceram com sintomas da arbovirose, nos municípios da 8ª Geres, em 2016. Desse total, 152 casos foram confirmados; outros 386, descartados. O último boletim epidemiológico, do ano passado, registra o cenário de baixa incidência de chicungunha nessa região.
“Não se pode afirmar que necessariamente o vírus vá circular no Sertão, mas significa dizer que há mais gente que nunca teve contato (com o agente infeccioso). Tudo depende do deslocamento de doentes para a região e do controle do Aedes nesses municípios”, explica George Dimech. Por outro lado, a 12ª Geres, com 10 municípios e sede em Goiana, na Zona da Mata Norte, despontou com a maior incidência dos casos prováveis para as três arboviroses, com maior destaque para chicungunha. Por isso, provavelmente tem uma menor proporção de pessoas susceptíveis ao adoecimento pelo vírus, já que boa parte da população deve estar imune à infecção.
“O trabalho agora é gradualmente fortalecer as ações de combate ao Aedes aegypti com os novos prefeitos e focar as áreas com poucos relatos de casos e que, por isso, a magnitude (da doença) não foi tão intensa”, informa George. Outro detalhe é que, na 8ª Geres, está a única cidade pernambucana (Dormentes) onde não houve registro de chicungunha no ano passado. “É importante que o município aumente o alerta, pois está cercado de outros onde houve casos de chicungunha”, acrescenta.
BALANÇO
Em todo o ano de 2016, foram notificados 58.969 casos da doença no Estado. Desses, 26.133 foram confirmados. Dos 380 óbitos registrados, 84 tiveram resultados laboratoriais apenas para chicungunha.