A partir deste mês, todo paciente que tiver indicação para um transplante de córnea, após realizar os exames necessários para entrar na fila de espera, fará a cirurgia em até 30 dias. Isso significa que Pernambuco voltou a atingir o status de córnea zero. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Estado já tinha alcançado essa marca em janeiro de 2013, mantendo até 2015. No primeiro semestre deste ano, Pernambuco realizou 516 transplantes de córnea. O número é 28% maior do que o mesmo período do ano passado, com 404 procedimentos. Durante todo o ano de 2016, foram realizados 793 transplantes de córnea. O quantitativo é 34% maior do que os procedimentos realizados em 2015, que totalizam 594.
Qualquer paciente que falece em unidade hospitalar, seja por morte encefálica ou por parada cardíaca, pode doar a córnea, que, após a retirada, dura até 14 dias. A Central de Transplantes reforça que são poucos os casos de contra-indicação para a doação, como infecção por HIV ou outras infecções virais (rubéola, meningoencefalite). "Pacientes com diagnóstico de câncer não pode doar órgãos, mas podem doar a córnea, a única parte do corpo que tem a chance de não ser comprometida. A única exceção é a leucemia", esclarece a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes. Para que haja a doação, de acordo com a legislação brasileira, um parente de até segundo grau precisa autorizar. "Por isso a importância de conversarmos com nossos familiares sobre o assunto e externar nosso desejo de ser doador", frisa Noemy.
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Para Noemy, o alcance do status zero é fruto de um trabalho de equipe, envolvendo os seguintes personagens: equipes das Comissões de Transplantes dos hospitais pernambucanos, das Organizações de Procura de Órgãos e da Central de Transplantes do Estado. Atualmente, as unidades que fazem o transplante de córnea em Pernambuco são: Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Fundação Altino Ventura (FAV), Seu Hospital de Olhos (Seope), Hospital Santa Luzia, Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope), Instituto de Olhos do Recife (IOR), Hospital Santo Amaro, Instituto de Olhos de Caruaru, Instituto de Olhos do Vale do São Francisco, Oftalmolaser e HVisão.
A Central de Transplantes de Pernambuco também tem comemorado o aumento nos transplantes de órgãos e tecido em geral. No primeiro semestre, foram efetivados 919 transplantes, um aumento de 26,41% em relação a 2016, com 727 procedimentos. O destaque fica por conta dos dados de coração, que saíram de 19 no primeiro semestre de 2016 para 28 no mesmo período deste ano, um acréscimo de 47%. “Um paciente com morte encefálica pode doar até sete órgãos e tecidos, sendo dois rins, duas córneas, coração, fígado e pâncreas. Isso significa tirar da fila de espera até sete pacientes”, ressalta Noemy.
A gestora ainda lembra que pessoas vivas também podem ser doadoras, como no caso da medula óssea, rim ou parte do fígado. “Os transplantes de medula óssea ocorrem a partir da medula do próprio paciente ou se ele encontrar um doador compatível, que pode estar entre os familiares mais próximos ou em qualquer lugar do Brasil ou do mundo. Por isso a necessidade dos interessados procurarem o Hemope para se cadastrar no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários e realizar as análises de compatibilidade”, pontua.
Fila de espera
Atualmente, 1.021 pessoas estão na fila de espera por um órgão ou tecido. O maior quantitativo é para rim (775), seguido de córnea (146), fígado (71), medula óssea (16), coração (9) e rim/pâncreas (4).