Mal passado o surto de febre amarela durante o primeiro semestre do ano passado no Brasil, a doença já volta a despontar como um ímpeto que já causou 20 mortes nos últimos seis meses e, por isso, faz muita gente correr até as unidades de saúde para tomar a vacina – a principal ferramenta de prevenção e controle da doença.
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O vírus tem preocupado não só moradores de áreas com recomendação de imunização. Quem não é vacinado e está com viagem marcada para esses locais só faz alimentar preocupações. Para tirar dúvidas sobre o assunto no programa Casa Saudável desta quinta-feira (18), convidamos o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, e a infectologista Sylvia Hinrichsen, do Hospital Jayme da Fonte, no Recife.
Confira:
Vacinação
Com o anúncio dos casos de febre amarela investigado em Pernambuco, as filas nos postos de vacinação só fazem crescer no Recife. Na cidade, o volume de doses aplicadas do imunizante em janeiro praticamente dobrou, em comparação aos meses anteriores à explosão dos casos no Brasil. "O Recife recebe, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), duas mil doses do produto a cada mês. Com o aumento da procura, tivemos que antecipar o pedido de fevereiro e provavelmente já chegamos a aplicar cerca de quatro mil doses este ano. Só ontem recebemos mais 1.520 da SES", informa a coordenadora do Programa de Imunização do Recife, Elizabeth Azoubel.
Na rede pública, para receber a vacina, é necessária a apresentação de um comprovante de viagem (como o recibo de compra de passagem ou o documento de reserva do hotel) a localidades que têm áreas de risco de transmissão da doença. “Neste momento, pedimos que a população do Recife seja compreensível e só procure os postos de saúde para fazer a vacinação nos casos de viagem agendada para locais que exigem a imunização”, orienta Elizabeth Azoubel. O depoimento da especialista serve para reforçar que os moradores de Pernambuco sem deslocamento agendado para áreas de risco não têm motivo para se preocupar agora com a vacinação. O Estado não tem a circulação do vírus.
Vacinado é o 2º caso suspeito em PE
O segundo paciente em investigação para febre amarela em Pernambuco tem uma particularidade que chama a atenção: ele foi vacinado contra a doença há seis anos. Ainda assim, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) explicou que ele foi notificado, após ser atendido em unidade de saúde, por ter passado por área de risco.
“Teoricamente a vacina oferece proteção por toda a vida, com garantia de imunidade maior do que 90%. Para pessoas com algumas condições que comprometem a saúde, a vacina pode não funcionar tão bem como acontece na população saudável, que tem uma resposta vacinal boa”, esclarece o infectologista Vicente Vaz.
É por esse motivo que o fato de ter recebido a imunização contra a febre amarela não é uma condição que exclui totalmente o risco de se ter a doença. “Todos, inclusive os profissionais de saúde, estão em alerta máximo para fazer a vigilância dos casos suspeitos. É para ser assim mesmo ”, destaca Vicente, cujo depoimento sinaliza a crença de muitos epidemiologistas: é melhor pecar por excesso do que por omissão. O infectologista acredita que possivelmente o segundo caso em investigação no Estado será descartado (especialistas acreditam que o primeiro também), mas ainda não é o momento de desconsiderar as suspeitas.
Em nota, a SES informa que os serviços estão sensíveis para notificar ocorrências que possam estar relacionadas à febre amarela e a outras arboviroses. “É importante que os profissionais de saúde notifiquem para que a SES analise a situação”, diz o comunicado. Se necessário, a pasta diz que adotará medidas de controle em tempo hábil.