No papel de Chacrinha há cerca de dois anos, Stepan Nercessian começa, agora, a delimitar um certo distanciamento do personagem já que, por muito tempo, de fato "incorporou" o comunicador. Elogiado por sua atuação em Chacrinha, o Musical, que ele traz de volta ao Recife neste sábado e domingo, no Teatro RioMar, ele continuará homenageando o artista pernambucano em produções para a televisão e o cinema.
“No começo, tudo era muito intenso. Queria pegar os trejeitos, incorporar tudo e você acaba, então, levando o personagem para fora do palco. Hoje, está diferente. É outra relação. E é ótimo porque o teatro tem essa coisa bonita que é poder melhorar sempre. Tento chegar sempre mais perto da verdade de Chacrinha e o que me impressiona sempre é a reação da plateia, a alegria em ver no palco a história desse homem que comove inclusive quem não o assistiu”, conta o ator.
Para 2017, ano em que se comemora o centenário de Abelardo Barbosa, Stepan participará tanto do filme (posteriormente desmembrado em três episódios para a televisão) sobre a vida do pernambucano, com gravações em novembro, quanto de um especial da Rede Globo, que reproduzirá o célebre programa de auditório de Chacrinha.
"O especial para a televisão será uma grande celebração, reproduzindo o programa dele e com participação de muitos nomes que marcaram época ao lado de Chacrinha, como Caetano Veloso", adianta o intérprete. Em relação ao longa, ele adianta que, ao contrário do espetáculo, que conta também a infância do apresentador, será focado apenas na vida adulta dele.
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"Ninguém ainda conseguiu repetir o auditório do chacrinha, porque eram auditíorios muito participativos, desorganizados. Tínhamos a impressão que todo mundo poderia fazer qualquer coisa a qualquer momento. Hoje é tudo muito orquestrado, muito comandado. a plateia participa passivamente. Não conseguimos evoluir, nem repetir", pontua. "Quando você vê o Silvio Santos está cada vez falando sacanagem, perdendo as estribeiras de uma maneira maravilhosa, autência, você percebe que os mais velhos podem ser menos caretas do que os jovens. A verdade ela não vem da forma, ela vem do conteúdo", reforça.
POLÍTICA
Stepan, que foi deputado federal entre 2010 e 2014 e chegou a ser cogitado para assumir a Secretaria de Cultura (quando o MinC foi temporariamente extinto no governo interino de Michel Temer), afirma que não tem pretensões de voltar à política.
"Quero retomar o trabalho artístico para dar tempo ao tempo, para reciclar e ver se ressurge dentro de mim a paixão de política partidária", enfatiza.