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Artistas de circo do Brasil e da Argentina vão poder participar de um projeto de intercâmbio para troca de experiências. É o que prevê convênio firmado hoje entre os ministros da Cultura do Brasil, Sérgio Sá leitão e da Argentina, Pablo Avelluto, e o presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Stepan Nercessian, na Escola Nacional de Circo, na Praça da Bandeira, zona norte do Rio de Janeiro.
O intercâmbio começará pelo circo, mas incluirá também a dança, as artes visuais, a música, o teatro e a literatura.
“São diversas áreas, e vamos combinar para definir de acordo com o orçamento que eles têm disponível e nós temos disponível, o número de artistas, e vamos lançar a chamada pública, aqui e lá, para a seleção. Aí, o convênio começa. Minha expectativa é que a gente possa ter os artistas [selecionados] até o final do ano, os brasileiros lá e os argentinos aqui”, disse à Agência Brasil, o ministro Sá Leitão.
Para o presidente da Funarte, Stepan Nercessian, que vai coordenar a aplicação do convênio pelo lado brasileiro, o acordo é um “belo caminho a seguir”, que vai ser favorável aos artistas dos dois países. “É muito bom ver que estamos juntando quem nunca deveria andar separado. Nós temos muitas afinidades”, afirmou Nercessian.
O ministro Pablo Avelluto agradeceu por estar pela primeira vez em um palco de circo, porque, até agora, tinha ficado apenas na plateia. Avelluto disse que, para ele e para o ministério, esta é uma feliz oportunidade de estreitar os vínculos na relação com o povo brasileiro, fazendo o que deve ser o trabalho de ministros, que é dar ferramenta para os jovens se desenvolverem na cultura e em atividades artísticas.
Este é apenas o início da integração da cultura dos dois países, ressaltou Avelluto. Ele disse que, o objetivo é que as políticas culturais dos dois países sigam em paralelo e se integrando cada vez mais. "Temos uma dívida com a integração dos nossos projetos culturais. Uma parte pode ser por questão de idioma, mas pode ter sido por falta de entendimentos entre governos.” Estão sendo dados os primeiros passos: depois virá o cinema, virá o teatro, virá a musica, a literatura. "Temos muito caminho para percorrer juntos.”
Bolsistas
Antes mesmo de o convênio ser assinado, a integração de artistas dos dois países já ocorre na área circense, pois, entre os bolsistas, há três argentinas – Camila Basterra, Agostina Roggero e Florencia Sosa – que começaram o curso em setembro. Os bolsistas da Escola Nacional de Circo recebem R$ 2,5 mil por mês, para se manter em tempo integral nas atividades dos cursos.
As três argentinas participaram de uma apresentação de artistas circenses brasileiros e argentinos que ocorreu durante a cerimônia de assinatura do convênio. Florencia, de 23 anos, diz que está gostando da experiência. “É muito boa a aprendizagem de técnicas novas, de compartilhar com pessoas de outros lugares. É uma troca de conhecimento”, disse a aluna, que já fazia curso de ginástica artística em Rosário, na Argentina.
Professor
Em 1998, Alex Machado chegou à escola como aluno. Em 2012, foi contratado como professor. Alex conta que, nesse período, acompanhou a evolução da escola, que atualmente, mesmo com dificuldades de orçamento, tem uma estrutura mais adequada.
Para o professor, a vantagem de estudar lá é ter contato com diversas atividades artísticas que vão permitir uma formação completa. Segundo Alex, esse é um dos motivos de alunos de todo o Brasil e até de outros países procurarem uma vaga lá, ainda que seja em cursos temporários. “A escola é um referencial de formação de produção de linguagem no país. É um lugar singular no Brasil, que ainda consegue trabalhar expressão, estética, produção de espetáculos, pesquisas na área circense em geral”, revelou.
Vitor Lima, que começou na escola como bolsista em setembro, já participou de outros projetos e disse que veio do Recife para se aprimorar. Para Vitor, o convênio vai aumentar as possibilidades dos alunos.
“Eu tive a oportunidade de participar de intercâmbios culturais dentro do circo e consigo reconhecer a importância desse tipo de projeto na minha formação. Isso abriu um leque de oportunidades na minha carreira artística e mesmo pessoal. Esse passo é muito por estar gerando também um link (ligação) de dois países vizinhos. O Brasil, às vezes, tem muita relação com países que ficam mais longe e pouca relação com países da América Latina”, acrescentou.
Ampliação do projeto
O ministro Sá Leitão defende a adesão de outros países da América do Sul ao projeto de intercâmbio. Para isso, pretende levar a proposta para a Terceira Edição do Mercado de Indústrias Culturais do Sul (Micsul), que este ano será em São Paulo. As outras edições foram em Mar del Plata, na Argentina e em Bogotá, capital colombiana. “A gente poder chegar lá já tendo feito esse processo todo, apresentar o case no Micsul e convidar os demais países da América do Sul a se juntarem para que a gente possa ter uma rede de intercâmbio”, disse o ministro.
A Terceira Edição do Micsul será no fim de novembro e reunirá representantes da Argentina, do Brasil, da Bolívia, da Colômbia, do Chile, do Equador, do Peru, do Paraguai, do Uruguai e da Venezuela.