Já se foram 21 ininterruptas Paixões de Cristo do Recife desde 1997. 2018 se preparava para receber o 22º espetáculo, até que chegou a má notícia sobre a falta de verba que acabou por cancelar oficialmente as apresentações. Entretanto, para José Pimentel, sempre à frente da encenação, ainda não há um ponto final nesta história. "Um grupo de artistas da Paixão se reuniu e decidiu tentar fazer com que fosse realizada. Vai ser apertado e vai precisar de esforço e sacrifício de muita gente", conta Pimentel.
O maior obstáculo ainda é o dinheiro. Por esse motivo, há grandes chances de que o possível espetáculo seja montado de uma forma adaptada, mais enxuto, de acordo com a viabilidade dentro da atual realidade. Pimentel diz que, mesmo faltando menos de 15 dias para a Paixão, está correndo atrás de patrocínios. "A gente tem a verba da Prefeitura e do Estado, mas ela só sai meses depois do espetáculo e as coisas precisam ser pagas agora. Tudo pode de repente parar porque o dinheiro não deu. Acredito que até amanhã teremos uma decisão", explica.
Ensaios já estão sendo feitos para que esteja tudo pronto caso tudo . "Fiquei muito surpreso porque foi o último ensaio muito bom. Temos um grupo grande de atores, atrizes e figurantes à disposição", afirma. Segundo ele, Hemerson Moura, ator escalado para lhe substituir no papel de Jesus Cristo já está pronto e ensaiado.
Pimentel acredita que a realização da Paixão de Cristo seja um estopim para mudanças no espetáculo. "Se a gente conseguir fazer neste ano, iremos começar um projeto para melhorar muito, mudando coisas, fazer uma nova Paixão", afirma. Contudo, ele acredita que não haver apresentação em 2018 significa o fim da encenação. "Pesquisamos e vimos que o povo quer. Vai ser apertado, mas tentaremos, montaremos algum tablado, nos adaptaremos", conclui.
Impossibilidade
O produtor do evento Paulo de Castro discorda veementemente da possibilidade de realização da encenação neste ano. "Pimentel está tentando montar, mas isso não tem nada a ver com a Paixão do Recife e os quatro produtores. É impossível fazer pelo tempo, por falta de cenário e dinheiro", afirma Paulo. Segundo ele, a equipe de produtores deve se reunir depois da Semana Santa para discutir o futuro do espetáculo, mas acredita que ele não deve mais ser feito.
José Pimentel vive Jesus Cristo desde 1978. Começou na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e seguiu até 1996. No ano seguinte, organizou a Paixão de Cristo do Recife, seguindo no papel principal até 2017. A versão do Recife começou no Estádio do Arruda e se mudou para o Marco Zero. Ganhou também versões reduzidas no Clube Português e em Olinda. O espetáculo é gratuito e costuma levar um bom público em todos os dias.
Leia Também
- José Pimentel promete mudanças na Paixão de Cristo do Recife em 2019
- Além das Paixões: livro revela detalhes da vida de José Pimentel
- José Pimentel confirma receber ameaças por causa de dívidas da Paixão de Cristo
- Após 40 anos, José Pimentel deixa papel de Jesus na Paixão de Cristo
- Paixão de Cristo do Recife é cancelada por falta de verba