Luto

Aos 84 anos, morre ator e diretor José Pimentel, o eterno Jesus

Conhecido por seu trabalho na Paixão de Cristo do Recife, José Pimentel estava internado no Hospital Esperança desde o dia 8 de agosto

JC Online
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Publicado em 14/08/2018 às 9:54
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O ator, diretor, dramaturgo, produtor e professor aposentado de Teatro da UFPE José Pimentel faleceu às 9h01 desta terça-feira (14), aos 84 anos, após seis dias internado na UTI do Hospital Esperança Recife, na Ilha do Leite, em decorrência de um enfisema pulmonar. A morte foi causada por uma doença neoplásica por via biliar O eterno intérprete de Jesus Cristo da Paixão de Cristo do Recife e precursor da Paixão de Nova Jerusalém foi internado no dia 30 de julho, sendo encaminhado para a UTI no dia 8 de agosto. No sábado (11), passou a respirar por ajuda de aparelhos e a fazer hemodiálise. Ele deixa a esposa Aurinete e a filha, Lilian Pimentel.  O velório será na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), com horário ainda não definido.

A saúde de Pimentel começou a dar sinais de fragilidade em 2016, quando ele se submeteu a uma cirurgia de hérnia inguinal e teve uma piora em seu quadro clínico quando estava prestes a receber alta, sendo constatada uma embolia pulmonar. Na época, ele ficou cinco dias na UTI. Recuperado, voltou suas atenções à Paixão de Cristo do Recife e à peça Massacre de Angicos – Morte de Lampião, em Serra Talhada.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Resistência

Resistência é a palavra que define Pimentel em seus últimos anos, quando lutava contra as adversidades para se manter, íntegro, como um homem de teatro. A grande dificuldade foi vencer o desafio de colocar a Paixão do Recife nas ruas, espetáculo algumas vezes ameaçado de não acontecer, inclusive na última edição, por questões orçamentárias. O ator e diretor encerrou a temporada deste ano prometendo melhoras. "Vamos tirar algo bom desses problemas. Tenho muita vontade de voltar com algo novo e espero que a equipe não perca o fôlego. Não quero deixar a Paixão morrer", declarou, à época.

Para grande parte dos atores, dar vida ao mesmo personagem por longo tempo é correr o risco do estigma. Ficar marcado por um papel não permitiria a versatilidade, a capacidade de mimese e transformação exigida pela profissão. Para Pimentel, o risco jamais se configurou num problema. Ele viveu Jesus Cristo desde 1978. Começou na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e seguiu até 1996.

No ano seguinte, organizou a Paixão de Cristo do Recife, seguindo no papel até 2017, quando se viu obrigado, após 40 anos, a ser substituído pelo ator Hemerson Moura na edição 2018. A versão do Recife começou no Estádio do Arruda, chegou a ser realizada no Clube Português, e se mudou para o Marco Zero. Pimentel viveu sua própria via-crúcis ao tentar implementar sua visão à obra em meio à dificuldades de patrocínio e críticas à sua idade. No entanto, como afirmou, esta cruz ele carregou até o fim.

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