Documentário

'O Jardim das Aflições' é exibido para fãs alucinados no Cine PE 2017

Filme sobre Olavo de Carvalho foi considerado o catalizador da debandada de cineastas que ocasionou o adiamento do evento, no final de maio

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 29/06/2017 às 0:23
Foto: Lana Pinho/Divulgação
Filme sobre Olavo de Carvalho foi considerado o catalizador da debandada de cineastas que ocasionou o adiamento do evento, no final de maio - FOTO: Foto: Lana Pinho/Divulgação
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O Cinema São Luiz ficou lotado muitas vezes em sua história, mas poucas sessões foram tão ruidosas quanto a estreia do documentário O Jardim das Aflições, de Josias Teófilo, ontem à noite, durante sua apresentação no 21º Cine PE. Rejeitado por festivais de todo o Brasil por mais de um ano – e considerado o catalizador da debandada de cineastas que ocasionou o adiamento do evento, no final de maio –, o filme com o filósofo Olavo de Carvalho acabou sendo exibido para uma multidão de fãs alucinados.

Mais de dois terços da duração do documentário é dedicado às perorações do filósofo, no estilo das aulas online que ele dá para jovens alunos – principalmente brasileiros, que o veneram como um Deus – de sua mansão nos arredores de Richmond, na Virgínia, no Sul dos Estados. As partes em que Olavo de Carvalho filosofa foram recebidas com silêncio e reverência, mas quando mostrava as unhas e soltava tiradas mordazes, o cinema vinha abaixo com aplausos, gritos e assovios. Não houve uma vaia sequer, obviamente, porque todos que foram ver o filme já eram convertidos ao credo dele.

Na plateia, estavam presentes figuras nacionais como o diretor da Ancine, Sérgio Sá Leitão, indicado ao cargo pelo presidente Michel Temer, e jornalista Marcus Petrucelli, que participou da comissão do Oscar do ano passado, quando o longa pernambucano Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, foi preterido pelo melodrama Pequeno Segredo. Do Recife, estavam lá o colecionador Lula Cardosos Ayres Filho e os cineastas Jomard Muniz de Brito, Marcos Enrique Lopes e Luci Alcântara. “Eu gostei do filme, mas não gostei da sessão, cheia de celulares ligados”, reclamou a cineasta. “Achei um filme impecável, com uma gramática cinematográfica exemplar”, opinou Lula. “Eu acho as ideias de Olavo muito pueris, ele não merecia um filme”, disse Marcos.

Josias Teófilo estampava a cara da felicidade. “Foi uma experiência excepcional, o melhor dia da minha vida, na minha cidade, num cinema lindo. Só falta entrar no São Luiz, isso não pode deixar de acontecer”, afirmou o cineasta. O Jardim das Aflições entrar em cartaz hoje no Kinoplex Shopping Recife, em Boa Viagem.

Daniel Aragão

Na tarde de ontem, o cineasta Daniel Aragão, que fotografou e montou "O Jardim das Aflições" e depois se desentendeu com Josias, publicou no seu perfil do Facebook uma série de mensagens e documentos sobre o filme. Num dos posts, Daniel escreveu: “dos 350 mil que eles captaram, apenas 161.670,05 reais foram usados com gastos REAIS de produção desde o início do meu envolvimento em 2015 até março de 2017 quando pulei fora do projeto antes de iniciar-se a distribuição”. Depois, ele partilhou prints de conversas pessoais, em que Josias teria escrito “eu só quero ganhar o máximo de dinheiro com esse filme e comprar uma casa na virginia (sic) pra ficar com a minha ruiva”.

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