A festa de premiação do Bafta, Oscar do cinema britânico, acontece neste domingo (18) à noite em Londres, em um ambiente marcado pelas recentes revelações de abuso sexual na indústria e tendo "A forma da água", do mexicano Guillermo del Toro, como franco favorito.
Espera-se que muitas estrelas vistam preto durante a cerimônia para protestar contra os escândalos que implicam grandes nomes do cinema, entre eles o produtor americano Harvey Weinstein.
Nesse contexto, a Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (Bafta, sigla em inglês) gerou um grande número de críticas por ter indicado apenas homens, ou filmes dirigidos por homens, nas categorias mais prestigiosas: melhor filme, melhor filme britânico e melhor diretor.
A cerimônia, que será realizada no Royal Albert Hall, será apresentada pela atriz britânica Joanna Lumley, que ganhou dois prêmios Bafta durante sua carreira e ficou famosa pelo seu papel na série de televisão "The New Avengers".
Na frente do filme de Denis Villeneuve, "Blade Runner 2049", indicado em oito categorias, o favorito da competição é "A forma da água", escrito e dirigido por Guillermo del Toro, que poderia ganhar até 12 prêmios.
Este filme, que ganhou o Leão de Ouro na Mostra de Veneza, conta a história de uma empregada de um laboratório secreto do governo americano durante a Guerra Fria, cuja vida vira de cabeça para baixo quando descobre uma experiência ainda mais secreta.
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O filme do cineasta mexicano aspira ao prêmio de melhor filme, junto com "O destino de uma nação", de Joe Wright, "Dunkirk", de Christopher Nolan, "Me chame pelo seu nome", de Luca Guadagnino e "Três anúncios para um crime", de Martin McDonagh.
Na categoria de melhor atriz, as cinco indicadas são Annette Bening ("As estrelas não morrem em Liverpool"), Frances McDormand ("Três anúncios para um crime") - que ganhou o Globo de Ouro -, Margot Robbie (Eu, Tonya), Sally Hawkins ("A forma da água") e Saoirse Ronan ("Lady Bird: a hora de voar").
O prêmio de melhor interpretação masculina será disputado por Gary Oldman, que representa Churchill em "O destino de uma nação", papel pelo qual ganhou um Globo de Ouro, Daniel Day-Lewis ("Trama fantasma"), Daniel Kaluuya ("Corra!"), Jamie Bell ("As estrelas não morrem em Liverpool") e Timothée Chalamet ("Me chame pelo seu nome").
Depois de que as revelações sobre abusos sexuais no mundo do cinema se multiplicaram nos últimos meses, a luta contra esse tipo de violência ocupará provavelmente um lugar de destaque durante a cerimônia, como ocorreu durante o Globo de Ouro americano, em janeiro.
Uma carta aberta escrita por "um coletivo de líderes femininas da indústria do cinema no Reino Unido" e publicada pelo meio digital americano Deadline pedia aos convidados que se mobilizassem "para estender a esse lado do Atlântico o incrível movimento" lançado nos Estados Unidos pelas campanhas Time's Up e #MeToo.
Neste domingo, o movimento ganhou um novo impulso com a publicação no jornal britânico The Observer de um artigo assinado por 190 mulheres do mundo do cinema, entre elas Keira Knightley, Naomie Harris e Jodie Whittaker, que pediram uma mobilização contra os abusos sexuais em todos os setores.