O suicídio – dos caminhos que levam ao ato até o impacto que a decisão tem naqueles que ficam – é um tema de interesse recorrente na literatura. Escritores buscaram investigar o assunto, ajudando a pavimentar um espaço para discussão do assunto, principalmente nos momentos históricos em que falar sobre a decisão de tirar a própria vida era menos comum.
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Um autor que traz o suicídio com frequência é William Shakespeare. Obras como Julio César, Hamlet e, talvez a mais famosa delas, Romeu e Julieta, mostram diferentes facetas do psicológico dos personagens e as circunstâncias que os levam até a consumação do ato.
Na literatura, talvez o caso mais emblemático de representação do suicídio seja Os Sofrimentos do Jovem Werther, escrito por Goethe. Publicada em 1794, a obra é considera o marco inicial do Romantismo europeu e descreve o tormento emocional do protagonista, impossibilitado de consumar relação com sua amada. O livro foi associado a uma onda de suicídios ocorridos no período após seu lançamento na Alemanha.
Ainda que não tenha sido provada de forma irrefutável a associação da obra com a onda de suicídios da época, o fenômeno deu origem ao Efeito Werther, segundo o qual o ato de tirar a própria vida seria emulado por aqueles que já vinham cultivando a ideia.
Essa tese é corroborada pelo escritor Andrew Solomon em seu livro O Demônio do Meio-Dia – Uma Anatomia da Depressão.
“Suicídio gera o suicídio também em sociedade. O contágio do suicídio é incontestável. Se uma pessoa comete suicídio, um grupo de amigos ou pares com frequência o seguirá”, escreve. Ele afirma ainda que até os pontos onde uma pessoa já cometeu a ação são utilizados por aqueles que buscam fazê-la.
“As mesmas localidades são usadas repetidamente, carregando a maldição daqueles que morreram: a ponte Golden Gate, em San Francisco, o monte Mihara, no Japão, trechos especiais de estradas de ferro, o Empire State Building”, completa.
POESIA
Poetas como Sylvia Plath e Florbela Espanca também levaram para suas obras a complexidade do sofrimento psicológico atravessados por pessoas enfrentando doenças psicológicas.
Outra obra que aprofunda o tema é Suicídios Exemplares, livro de Enrique Vila-Matas que, apesar do título, não se foca nas ações e sim no estado emocional dos seus personagens e na simbologia do suicídio.
