YouTube deleta funk com apologia ao estupro

A música 'Só Surubinha de Leve' tem trechos como "Taca a bebida/ Depois taca a p.../ E abandona na rua"

Foto: Reprodução/Youtube
A música 'Só Surubinha de Leve' tem trechos como "Taca a bebida/ Depois taca a p.../ E abandona na rua" - FOTO: Foto: Reprodução/Youtube

O clipe da música Só Surubinha de Leve, de MC Diguinho, está previsto para ser lançado às 21h desta quarta-feira (17). No entanto, após internautas apontarem que a letra faz apologia ao estupro, o vídeo no qual o áudio da música estava disponível no YouTube foi excluído do canal oficial da produtora.

O hit era o mais ouvido na plataforma de streaming Spotify. A assessoria da plataforma informou ao E+ que recebeu diversas denúncias e entrou em contato com a gravadora, que prometeu retirar a música. A faixa tem trechos como "Taca a bebida/ Depois taca a p.../ E abandona na rua".

O E+ também entrou em contato com a assessoria do Google para saber se as diretrizes de bloqueio de material do YouTube estão direcionadas somente aos conteúdos visuais explícitos ou se, nesse caso, a letra da música também poderia ser um fator impeditivo para sua publicação na plataforma.

A assessoria do Google, proprietária do YouTube, afirmou que não comenta casos específicos. No entanto, poucas horas antes do previsto para a publicação do clipe, o vídeo do canal oficial da produtora com o áudio da foi excluído. 

Mesmo assim, Só Surubinha de Leve ainda está disponível em outros vídeos e canais menores do YouTube.

Revolta

Lançada em 2017, a música ‘Surubinha de Leve’, de MC Diguinho, tem sido criticada por várias pessoas na internet por seu conteúdo. A letra aborda sexo grupal e fala sobre embebedar, transar e depois abandonar na rua uma mulher.

Além disso, a música ainda traz versos como “sem dinheiro, mas traz uma piranha” e “essas filhas da p***”. Recentemente, MC Diguinho divulgou imagens da gravação de um clipe para a música.

A letra tem sido vista como apologia ao estupro por muita gente. A reação começou depois que Ludmilla postou a letra do refrão no Twitter e foi alvo de críticas por parte dos seus seguidores.

A principal reação foi a da estudante e artista Yasmin Formiga, que na sua página no Facebook postou uma foto sua segurando um cartaz com a letra e uma maquiagem que sugere que havia sido agredida. “Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa. Sua música tira mais uma. Sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto despejado na rua”, escreveu na postagem, com mais de 125 mil compartilhamentos.

Em uma postagem já apagada, o MC Diguinho havia respondido às críticas, dizendo: “Se a minha música faz apologia ao estupro, prazer sou o mais novo estuprador, apenas fiz a música da realidade que vivo e muitos brasileiros vivem. Viva a putaria!”.
O perfil que postou o print, Feministas GM, ainda criticou a resposta. “Essa é a realidade de muita gente, ok! Mas então pq não tentar mudar? Fazer músicas que incentivem a mudança ao invés da apologia? Pois isso evidentemente é apologia, e quem pensa o contrário é um verdadeiro estuprador igual este homem que faz sucesso em cima de uma coisa tão triste que é o estupro”, afirma.

A música ainda foi temas de textos opinativos. No jornal Extra, Mônica Raouf El Bayeh defende que a música “é um convite ao estupro coletivo”. “Como alguém pode se divertir ao som de uma coisa dessas? Já alcançou 13 milhões de visualizações. Isso é muito grave.”, escreve.

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