Lançada em 2017, a música ‘Surubinha de Leve’, de MC Diguinho, tem sido criticada por várias pessoas na internet por seu conteúdo. A letra aborda sexo grupal e fala sobre embebedar, transar e depois abandonar na rua uma mulher.
Além disso, a música ainda traz versos como “sem dinheiro, mas traz uma piranha” e “essas filhas da p***”. Recentemente, MC Diguinho divulgou imagens da gravação de um clipe para a música.
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A letra tem sido vista como apologia ao estupro por muita gente. A reação começou depois que Ludmilla postou a letra do refrão no Twitter e foi alvo de críticas por parte dos seus seguidores.
PROTESTO
A principal reação foi a da estudante e artista Yasmin Formiga, que na sua página no Facebook postou uma foto sua segurando um cartaz com a letra e uma maquiagem que sugere que havia sido agredida. “Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa. Sua música tira mais uma. Sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto despejado na rua”, escreveu na postagem, com mais de 125 mil compartilhamentos.
Em uma postagem já apagada, o MC Diguinho havia respondido às críticas, dizendo: “Se a minha música faz apologia ao estupro, prazer sou o mais novo estuprador, apenas fiz a música da realidade que vivo e muitos brasileiros vivem. Viva a putaria!”.
O perfil que postou o print, Feministas GM, ainda criticou a resposta. “Essa é a realidade de muita gente, ok! Mas então pq não tentar mudar? Fazer músicas que incentivem a mudança ao invés da apologia? Pois isso evidentemente é apologia, e quem pensa o contrário é um verdadeiro estuprador igual este homem que faz sucesso em cima de uma coisa tão triste que é o estupro”, afirma.
A música ainda foi temas de textos opinativos. No jornal Extra, Mônica Raouf El Bayeh defende que a música “é um convite ao estupro coletivo”. “Como alguém pode se divertir ao som de uma coisa dessas? Já alcançou 13 milhões de visualizações. Isso é muito grave.”, escreve.
Na Vice, Amanda Cavalcanti lembra que ‘Surubinha de Leve’ não é a primeira letra de funk acusada de ser problemática. A jornalista levanta dois pontos. Primeiro, que, “ao contrário de carregar culpa ou influência na cultura do estupro ou misoginia, é bem provável que os versos de MC Diguinho sejam um reflexo dessas já estabelecidas relações sociais”. Por outro lado, ver no debate apenas uma perseguição ao funk é esquecer que as letras de Diguinho passam “muito, muito dos limites”, pois ele fala “abertamente e claramente sobre embebedar uma mulher para que fosse mais fácil dominá-la, estuprá-la e abandoná-la na rua.”
Ainda existe uma petição que pede que o Spotify retire a música do seu catálogo - a faixa chegou a ficar entre as músicas mais virais do Brasil. Já são mais de 10 mil assinaturas.