RIO DE JANEIRO – O que aconteceria se Dorothy fosse para Oz nos dias de hoje? Essa foi a pergunta a partir da qual os criadores de Lost in Oz começaram a desenvolver a animação exibida pela plataforma de streaming Amazon. O processo foi apresentado pelo Bureau of Magic ao público do Rio2C na manhã de sexta-feira (6/4), último dia de conferência do evento sobre audiovisual, inovação e música, que ainda terá um fim de semana de festival (do qual participam artistas pernambucanos).
"Henry Jenkins é alguém a quem devemos agradecer pela série. Uma coisa que ele nos contou é que deveríamos olhar para O Mágico de Oz, pois foi a franquia original do storytelling transmedia. A obra estava entrando em domínio público e nos reunimos para pensar em como contar aquela história para as audiências atuais", comentou Abram Makowka sobre a obra que inspirou a animação vencedora do Emmy.
Também integraram a apresentação Darin Mark, Jared Mark e Mark Marshaw. Eles criaram uma "ozpedia" a partir dos livros, com informações sobre elementos como momentos-chave da história e características das personagens que eles poderiam usar na série - e o que não poderiam utilizar, já que a pele verde da Bruxa do Oeste, por exemplo, é algo do filme lançado pela MGM e protegido por direitos autorais.
Outras mudanças visíveis são a transformação da estrada de tijolos amarelos em uma linha de trem e a caracterização dos personagens. A Bruxa do Oeste tem um penteado side cut e Dorothy não usa um vestido azul com sapatinhos vermelhos, como o fez Judy Garland para interpretá-la no famoso filme. Na animação, a menina veste calça e moletom e, destacam os realizadores, tem uma personalidade mais ativa. Ela parte em busca dos itens da tabela periódica de elementos mágicos para conseguir voltar para casa após ser transportada por um tornado.
Assim como no longa-metragem, em que a mudança do Kansas para Oz era sinalizada com a passagem do preto e branco para o colorido, na animação as cores são muito importantes, mas também com características próprias. A casa de Dorothy tem linhas retas e lembra uma residência dos subúrbios dos Estados Unidos. Há muitos tons quentes nos desenhos. A Cidade Esmeralda tem muitos verdes e azuis, pontos de luz inspirados nas metrópoles e linhas arredondadas. O resultado é bonito.
REFERÊNCIAS
No entanto, algumas coisas foram mantidas como a sensação de que "não há um lugar como o nosso lar" da história original. Personagens como Totó também continuam e sua versão animada foi um sucesso entre as crianças quando o piloto da animação foi lançado pela Amazon.
Por falar nisso, o grande intervalo entre a disponibilização do piloto, do programa especial e dos demais episódios da primeira temporada de Lost in Oz foi um dos assuntos abordados pelos realizadores. "Esse tipo de animação leva muito tempo para ser feito. Nesse intervalo a Amazon coletou dados de quantas pessoas assistiram, por quanto tempo. Dados que não vimos, mas o resultado do piloto foi tão bom e, baseados nisso, eles pediram os outros episódios. Durante esse tempo observamos os comentários deixados pelas pessoas. O especial saiu como um 'band-aid' para deixar as pessoas empolgadas enquanto finalizávamos a primeira temporada", comparou Abram.
Algo que as pessoas pediram foi que Totó aparecesse bastante e o personagem é visto na tela com frequência e destaque em momentos de comédia física. Para dar conta do trabalho exigido pela animação, havia pessoas trabalhando 24h por dia, sete dias da semana, em vários países do mundo (para tirar proveito da diferença de fuso horário).
A repórter viajou a convite do evento.
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