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Esqueça as apregoadas vantagens da leitura. O tema aqui não é um livro – apesar do formato muito semelhante, com 356 páginas, capa, orelhas e ficha catalográfica –, mas, sim, um artefato suspeito que aprisiona quem o manuseia; uma obra perigosa e misteriosa repleta de vidas e teorias sobre si mesma. Essa é uma descrição mais precisa de Estrangeiro no labirinto, primeiro romance do escritor e poeta Wellington de Melo e um dos quatro volumes que a editora carioca Confraria do Vento lança quarta (18/12) no Centro Cultural Correios, a partir das 18h. Os outros títulos são de Samarone Lima, Bernardo Almeida e Plácido Villanova.
Em sua estreia na prosa, Wellington cria uma narrativa multifacetada. A epígrafe, “Este livro é uma prisão”, é um dos temas recorrentes do romance, que traz as vozes de personagens – chamados de confrades, cada um com uma numeração própria – enclausurados dentro da obra, com suas próprias teorias sobre funcionamento desse livro-prisão. Cartas de tarô abrem os capítulos, que buscam explicar o labirinto literário de Wellington através da física quântica, da teoria das cordas, do tarô, da cabala, da psicologia e do misticismo, com tentativas de respostas que seguem sempre em aberto.
Em paralelo, três histórias são contadas. Um juiz pernambucano, responsável por julgar o latrocínio de um arquiteto badalado e de seu namorado, é acusado pela mídia de homofobia. Outras duas tramas se misturam: uma prostituta viciada em crack começa a ver involuntariamente o que acontece na vida de um matador de aluguel que voltou para sua casa de infância. São enredos que se desenrolam dentro e fora do cárcere desse livro labiríntico, em cada uma das dez possíveis vidas de cada personagem.
Repleto de teorias, o volume brinca um pouco com a inúmeras referências, entre manuscritos antigos e oposições de interpretações esotéricas – uma homenagem fiel a Jorge Luis Borges, um dos autores presentes na epígrafe e no texto. Os momentos mais fortes são essas aparentes contradições internas do romance, que mostra a disputa entre hipóteses e a censura recorrente de termos e trechos durante o romance, sempre parecendo levar o leitor para o centro do seu labirinto.
Leia a matéria completa no Jornal do Commercio desta quarta (18/12)