ANIVERSÁRIO

Confira depoimentos de admiradores de Raimundo Carrero em seus 70 anos

Personalidades como Marcelino Freire, Ana Nogueira e José Castello prestam suas homenagens ao escritor

JC Online
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Publicado em 20/12/2017 às 7:00
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Personalidades como Marcelino Freire, Ana Nogueira e José Castello prestam suas homenagens ao escritor - FOTO: Foto: Divulgação
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O escritor pernambucano Raimundo Carrero completa, nesta quarta-feira (20) 70 anos. Em homenagem a esta data, o Jornal do Commercio convidou diversas pessoas do meio artístico que possuem alguma ligação com Carrero e sua obra. Os escritores Marcelino Freire, Bruno Liberal, Nivaldo Tenório, Sidney Rocha; o crítico literário José Castello; a editora Karla Melo; e a atriz Ana Nogueira participaram deste tributo.

Leia os depoimentos:

Marcelino Freire, escritor e ex-aluno de Raimundo Carrero
“Eu me lembro perfeitamente. Eu, bem mais jovem, participei da comemoração dos 70 anos de João Cabral de Melo Neto. Pessoalmente, no Recife. Fiz o Severino Retirante para ele assistir. Era uma emoção ver o poeta assim, de perto. Por que falo isso? Porque a emoção é maior, agora. Comemorar os 70 anos do amigo Raimundo Carrero. Do parceiro Raimundo Carrero. Do escritor, do mestre. É como se eu fosse, assim, um cara de sorte. Acompanhar de perto, tão próximo, a celebração da vida de um artista que eu admiro. De uma pessoa que lutou e luta tanto pela literatura. E com que humor ele luta. Com que fé e determinação. Eu gostaria de ter sido companheiro fraterno de João Cabral. Mas sou amigo, já antigo, de Raimundo Carrero. Posso bater no peito e me encher de orgulho. Estou do lado da prosa. Severino Retirante, Marcelino Retirante, de Sertânia, pude eu, quem diria, sobreviver para viver isto. Parabéns, Raimundo Carrero. Quando uma pessoa, assim feito Raimundo Carrero, faz aniversário, somos nós, amigos e leitores e admiradores, que fazemos aniversário, nós que estamos de parabéns. Viva!

Sidney Rocha, escritor
“Carrero é o tipo de escritor o tempo todo preocupado com o conjunto de sua obra e a isso tem dedicado a vida inteira. No seu caso, não se trata de vida & obra, de modo isolado: nele, fica bem claro: Vida é Obra. E a obra, em Carrero, é a vida. Poucos deixam sinais mais nítidos dessa escolha quanto ele. E pouquíssimos fazem da vida, completa, (tormentos, dores, alegrias), a única coisa que um escritor pode fazer: transformar tudo em literatura, porque para um escritor de verdade a vida não tem outra serventia.”

Nivaldo Tenório, escritor
"Acompanho a obra de Carrero, e em cada novo livro, noto uma nova experiência, uma necessidade – levada a termo – de se superar. Carrero não podia ser – como talvez quisesse Ariano – um autor armorial, pois sempre teve um espírito inquieto e não satisfeito, por isso cada livro precisa ser uma nova experiência numa busca perene pela palavra exata. Um escritor que repete à exaustão que ainda não produziu a obra pela qual deseja ser lembrado. Um exagero, decerto, mas que nos dá a medida do artista que é Carrero, nunca satisfeito, sempre em busca de se aperfeiçoar. O Ernesto Sabato dizia que o criador precisa desenvolver uma obsessão fanática. Carrero sempre teve essa obsessão que é própria do escritor que enxerga a obra como a própria vida."

Bruno Liberal, escritor
"Infelizmente não fui aluno de Carrero, mas tive alguns encontros com ele em São Paulo, na Balada Literária, e aqui em Petrolina. Além da paixão e motivação para escrever todos os dias, acho fascinante a capacidade de Carrero criar personagens tão sólidos e duradouros, desses que transbordam dos livros e viram verdadeiras entidades."

Karla Melo, editora da Confraria do Vento
"Carrero foi uma pessoa muito importante para mim, trabalhei com ele entre 2001 a 2006 como sua assessora literária. Foi um período muito rico, ele é um artista no sentido visceral. Como professor, ele sempre soube visualizar o potencial de seus alunos. Hoje moro no Rio, mas até hoje tenho nostalgia de chegar no Recife, encontrá-lo, escutar sua gargalhada maravilhosa. Fiquei muito sensibilizada com sua luta após o AVC. Viajamos juntos por quase dois anos pelo interior de Pernambuco, entre 2005 e 2006, e foi um período de muita riqueza, de se deparar também com o inesperado pois encontrávamos leitores sofisticadíssimos nas menores cidades que você pode imaginar, ao longo das oficinas literárias. Além de um grande escritor, Raimundo Carrero é um grande leitor,e com ele aprendi muito sobre a leitura. É sem duvidas um dos maiores escritores contemporâneos brasileiros."

José Castello, escritor e crítico literário
"Celebrar a obra de Raimundo Carrero é celebrar o atrevimento, a liberdade interior, a aposta constante na incerteza e no risco. Celebrar o homem Raimundo Carrero é celebrar a coragem e o talento de um homem que sempre fez da literatura, antes de tudo, um instrumento de luta contra a apatia, a repetição e a mornidão. Se você me pedir uma palavra para definir a figura e a obra de Carrero eu penso imediatamente em “energia”. Uma energia inesgotável, sempre pronta para se superar e para se desmentir, sempre disposta a desbravar o futuro."

Ana Nogueira, atriz
"O ano Raimundo Carrero, para mim, começou em Março de 2017, quando iniciamos o estudo de Bernarda Soledade, junto com ele, visando a adaptação para o ciclo de leituras. Foi uma honra e um grande aprendizado. Eu já havia lido Bernarda, mas ele nos apresentou um novo olhar, mais quente e humano, de cada uma das personagens. Fiquei ainda mais espantada com o universo que um quase menino, de vinte e poucos anos, apresentou ao mundo. Não é por acaso que Bernarda foi publicada em tantos países. Bernarda foi só o portal para tantas outras personagens da sua obra. Não acredito que uma atriz ou ator que leia Carrero não sinta vontade de interpretar suas personagens. Torço muito pelo reconhecimento de Raimundo Carrero como um dos grandes da língua portuguesa."

Priscila Varjal, crítica literária com doutorado sobre a obra de Carrero

Viva o meu grande amigo Raimundo Carrero 0/
Hoje, nos 70 anos dessa pessoa incrível, deixo aqui meu testemunho sobre sua influência na minha vida.
Conheci Raimundo Carrero quando iniciava meu curso de Letras, fazendo uma homenagem ao escritor, na quadra da UPE, as pernas tremiam tanto que até o artigo que tinha escrito deixei cair... kkk
Ele, como sempre muito atencioso e solícito, pegou a minha pastinha, com o seu tercinho na mão, e me tranquilizou.
Daí surgiu uma grande amizade. Tive a honra de trabalhar como monitora por quase 5 anos nas Oficinas de Criação Literária dele, e assim aprendi mais nesse período do que em minha vida inteira!
Salve Raimundo! O escritor que escolhi para estudar na Academia, para fazer meu doutorado, e como me angustiei lendo e relendo suas obras, repassando toda a dor que existe ali naquelas novelas e romances incomuns, provocantes e alguns até assustadores.
A dor nos torna mais humanos, os gregos já sabiam disso, e por isso inventaram a catarse...
O que posso lhe dizer, hoje, meu querido? Que sua vida se expanda, que seus livros se multipliquem, que sua saúde seja eterna, assim como sua obra será.
Um beijo afetuoso da sua amiga, Priscila Varjal.


Walther Moreira Santos, escritor e ilustrador
Infelizmente não fui aluno do Carrero, mas desde Maçã Agreste acompanho a obra dele; tive a honra de ser jurado do Prêmio São Paulo de Literatura em 2009, junto com o Pondé e o Scliar, foi quando premiamos A Minha Alma É Irmã de Deus, imagine que no ano anterior, quando fui finalista com O Ciclista, o premiado foi o Ronaldo - então premiar de novo alguém de PE, no ano seguinte, foi complicado, mas deu tudo certo.

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