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Revista Hexágono faz introdução à obra de escritores pernambucano

Projeto do escritor Sidney Rocha busca apresentar a estudantes a literatura de nomes como João Cabral, Ariano, Luís Jardim e Osman Lins

Diogo Guedes
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Publicado em 15/08/2018 às 8:20
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Projeto do escritor Sidney Rocha busca apresentar a estudantes a literatura de nomes como João Cabral, Ariano, Luís Jardim e Osman Lins - FOTO: Divulgação
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Nas suas passagens por escolas pernambucanas por conta das oficinas literárias e do projeto Outras Palavras, o escritor cearense radicado no Recife Sidney Rocha tem tido a chance de falar sobre o tema espinhoso – porque parece cada vez mais alienígena – da literatura com estudantes. Ao citar nome de autores pernambucanos consagrados, notou que poucos de fato tinham lido, mesmo quando se tratava de figuras quase “obrigatórias” no ensino como João Cabral de Melo Neto ou Ariano Suassuna. Começava assim a pensar em formas possíveis de romper essa distância entre a escrita e os leitores.

As reflexões de Sidney criaram o projeto Hexágono, um conjunto de seis revistas lançadas ao mesmo tempo, cada uma abordando a obra de um escritor. A primeira leva das publicações será lançada quinta (16), às 9h, na primeira edição do Retábulo Cultural Osman Lins, no auditório da Editora UFPE. Entre os autores contemplados estão os já citados Osman, Ariano e João Cabral e também Hermilo Borba Filho, Luís Jardim e César Leal.

A estrutura das revistas é fixa: um ensaísta foi convidado para escrever um texto e realizar uma entrevista sobre o universo do autor abordado, além de compor uma fortuna crítica e uma bibliografia. Um dos requisitos, explica Sidney, eram que fossem textos acessíveis, porque a ideia da Hexágono é alimentar justamente professores e estudantes do segundo e terceiro grau do ensino.

“Esses autores, de certa forma, são inéditos para o públicos dos alunos de escolas públicas. Mesmo quem ouviu falar de Ariano ou viu algo na TV nunca leu nada dele. Luís Jardim é inédito para quase todo mundo, porque ficou esquecido”, comenta Sidney. Mergulhado nesse cenário, ele foi pensando nas publicações como uma forma de reinserir os livros no cotidiano dos estudantes. “Não é algo simples. Talvez a gente tenha até que reconceituar o que seria a leitura hoje”, continua.

Para colaborar com a escrita do ensaios, Sidney convidou Ivana Moura (Ariano), Mário Hélio (César Leal e João Cabral), Thiago Corrêa (Hermilo) e Fábio Andrade (Fábio Andrade) – as revistas ainda trazem entrevistas com Raimundo Carrero, Nivaldo Tenório, Arnaldo Saraiva e Luís Augusto Reis. “Os ensaios são o toque especial. No caso de Luís Jardim, como não encontrei quem pudesse escrever sobre ele, eu mesmo fiz o texto”, aponta o editor, que contou com a colaboração de Patrícia Cruz Lima na direção de arte, Hallina Beltrão nas ilustrações de capa, Miguel Falcão nas caricaturas e Alexandre Melo na produção.

As edições da Hexágono – realizadas com incentivo do Funcultura – vão se distribuídas gratuitamente para bibliotecas e escolas públicas. A ideia é também disponibilizar o PDF e o ePub da publicação gratuitamente para quem quiser baixá-la, além de oferecer a oportunidade de instituições públicas reimprimirem a tiragem.

MAIS EDIÇÕES

Todas as revistas obedecem a uma mesma estrutura porque Sidney queria não só simplificar o trabalho de edição, mas também tornar o resultado simétrico. “No futuro, pode funcionar como um volume introdutório sobre a literatura pernambucana”, explica. Além disso, a Hexágono não vai terminar nesses primeiros números. “A segunda série será sobre autoras mulheres. A ideia é lançar a edição, também com apoio do Funcultura, ainda neste ano”, adianta o editor. Clarice Lispector, Maria do Carmo Barreto Campello de Mello, Celina de Holanda, Francisca Izidora Gonçalves da Rocha, Edwiges de Sá Pereira e Ladjane Bandeira serão as escritoras abordadas.

Essa nova leva da publicação também conta com apoio do Funcultura, e os textos já começaram a ser editados. O gosto pelo projeto é tamanho que Sidney já começou a planejar o terceiro ciclo da Hexágono. “Vamos falar sobre a literatura de Pernambuco feita fora de Pernambuco”, aponta. Assim, gerações diferentes vão se misturar: de Marcelino Freire a Manuel Bandeira, passando por Nelson Rodrigues, Antonio Maria, Álvaro Lins e Aguinaldo Silva.

Enquanto organiza as novas Hexágono e viaja por Pernambuco e pelo Brasil, Sidney ainda tem planos para o ano. Seu próximo romance, continuação da trilogia iniciada com Fernanflor, deve sair ainda neste ano, com o nome de A Estética da Indiferença, editado pela Iluminuras.

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