Festival de Inverno

FIG 2016: Virginia Rodrigues e Zé Manoel emocionam na abertura

Cantora baiana foi a estrela de show em homenagem a Naná Vasconcelos

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 21/07/2016 às 23:20
Lais Domingues/Fundarpe
Cantora baiana foi a estrela de show em homenagem a Naná Vasconcelos - FOTO: Lais Domingues/Fundarpe
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GARANHUNS - Catedral de Santo Anto Antônio, imponente no final da avenida de mesmo nome. O lugar escolhido não poderia ser mais adequado para a cerimônia de abertura do 26ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns: idealizado e conduzido pelo músico Zé Manoel,  o show em homenagem a Naná Vasconcelos foi uma grande celebração. Uma missa cantada sem pároco.

Com uma banda mínima - percussão, bateria e violoncello -, Zé Manoel abriu a recita cantando e executando seu piano de cauda. Com a voz grave, precisa, a serviço de cada nota bem executada, emocionou a igreja superlotada com temas como a canção feita sobre a comunidade da Ilha de Massagano, em Petrolina, sua terra natal. A primeira noite do FIG 2016 ganhou volume quando as cinco cantoras, afinadíssimas e poeticamente afiadas, do grupo Voz Nagô tomaram a frente do altar transformado em palco. Com saudações aos orixás que tanto inspiraram o percussionista Naná Vasconcelos, fizeram da igreja católica um grande palco da fé sincrética. 

Mais emocionante ainda foi a participação especial do violonista e cantor Mateus Aleluia, figura lendária da música baiana, remanescente do grupo setentista Os Tincoãs. Foi aplaudido de pé quando, tocando seu violão, fez um trocadilho com o refrão da canção Cordeiro de Nanã. Em vez de cantar "Sou de Nanã, euá, euá, euê...", cantou "Sou de Naná euá..."

Mas o ápice se deu mesmo com a entrada da cantora baiana Virginia Rodrigues, a dona da voz celestialmente prolixa e grave que é uma das mais respeitadas nos circuitos mundiais de jazz e world music. "Muito obrigado por este convite, Zé Manoel. Obrigado ao FIG. Garanhuns é um festival que todos querem fazer. Espero ser convidada para partipar de novo", disse ela, vestida com um manto de linho branco, os cabelos raspados e que misturou referências à cultura popular e ao candomblé na apresentação.

No final, Virgínia fez um dueto com o piano de Zé Manoel com Asas do Mangagá, composição do pernambucano. "Esse menino é uma joia da musica de vocês", elogiou. Ao final, de pé, foram todos ovacionados. Emocionante e tão bem construída, a apresentação tem grande potencial de virar espetáculo para correr outros palcos do País.

Momentos antes do show, o governador Paulo Câmara foi interrompido, durante sua fala protocolar, por dois homens no fundo da igreja. Aos gritos, o chamavam de "golpista". Mestre de cerimônias da noite, a atriz Ninive Caldas intereferiu ao microfone: "Por favor, estamos numa casa sagrada. Não precisamos de brigas, mas de diálogos". A maior parte do público repudiou o prosteto, os homens foram retirados da igreja pela polícia e os discursos em homenagem a Naná Vasconcelos - com sua filha Luz Morena e a viúva Patrícia na plateia - continuaram.

 

>> O repórter viajou a convite da Secretaria de Cultura de Pernambuco

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