A convocatória do Carnaval de Pernambuco 2017, lançada na última segunda-feira (27) pela Secretaria de Cultura (Secult) em parceria com a Secretaria de Turismo e Lazer (Seturel), deixou de fora artistas do forró eletrônico, forró estilizado, brega, swingueira, arrocha, funk, sertanejo e pagode estilizado.
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A medida, no entanto, não deve afetar a grade do Carnaval dos municípios, pois estes utilizam critérios diferentes para contratar as atrações para os festejos de Momo. O objetivo da convocatória é selecionar os artistas para a grade do Ciclo Carnavalesco 2017 em cerca de 50 municípios nas 12 regiões do Estado.
Em relação aos artistas pernambucanos de brega, que seguem num movimento crescente no Estado, o Jornal do Commercio procurou alguns dos principais nomes do ritmo para exporem sua opinião sobre o assunto.
Walter Junior é empresário do MC Troia, que falando pelo seu artista, disse não entender o motivo da restrição. "Viemos de uma exposição nacional recentemente (no programa Esquenta!, da Rede Globo), levando o brega para o Brasil inteiro. O Troinha acabou de fazer uma série de shows em São Paulo devido ao sucesso que está alcançando. É muito triste saber que por aqui ainda não somos reconhecidos como cultura", lamentou o agente.
Apesar de não se enquadrar no edital do Carnaval de Pernambuco, a procura por shows do Troinha para o período só aumenta. "Ele vai continuar levando o ritmo que o consagrou, a arrochadeira, no Carnaval, principalmente no interior do Estado. Felizmente, a agenda dele vai ser completada do mesmo jeito", afirmou Junior.
FRUSTRAÇÃO
Já o MC Cego Abusado, de 27 anos, ficou mais frustrado com a edital do Governo de Pernambuco. "Não achei legal. A gente trabalha muito duro pela nossa música. Programas de TV nacionais já nos reconhecem. No Esquenta! gravado em Pernambuco, por exemplo, foi mostrado o frevo, o maracatu, o caboclinho e também o brega funk. Então o ritmo também é cultura do nosso estado", afirmou o cantor.
MC Cego, que coleciona mais de 106 mil seguidores em seu Instagram, também conta que está negociando participação em mais dois programas nacionais em 2017, que ainda não pode divulgar quais são. "O brega toca toda hora por aqui, e não só no carnaval como determinados ritmos. Além de ser o nosso sustento, nós ainda geramos empregos. É uma pena não podermos divulgar a cultura que vem das comunidades", disse o artista, que gravou um DVD recentemente para divulgar durante a festa de Momo.
Diante da restrição, perguntamos ao MC Cego o que ele queria dizer às autoridades que permitiram o veto ao ritmo que ele tem ajudado a difundir: "#BregaéCulturaSim", respondeu ele, que postou a mesma mensagem em seu Instagram. Procurado pelo JC, o MC Sheldon não quis comentar sobre o assunto.