CARNAVAL 2018

O Guaiamum Treloso Rural 2018 é também teimoso

Justiça garantiu a realização da prévia, que ganha ares de festival de música, com mais de 30 artistas e quatro palcos

NATHÁLIA PEREIRA
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NATHÁLIA PEREIRA
Publicado em 20/01/2018 às 7:00
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Justiça garantiu a realização da prévia, que ganha ares de festival de música, com mais de 30 artistas e quatro palcos - FOTO: Fotos: Divulgação
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Começa em poucas horas a terceira edição do Guaiamum Treloso Rural na Fazenda Bem–Te–Vi, no KM 13 da Estrada de Aldeia, Camaragibe. Já incluso na rota dos grandes festivais de Pernambuco, o evento ultrapassou o limite de prévia carnavalesca, trazendo para este ano mais de 30 atrações em quatro palcos. Dentre os principais shows estão os de Elza Soares (RJ), Nação Zumbi (PE) e o da cearense Cidadão Instigado, ainda comemorando os 20 anos de carreira. Se confirmar a previsão do tempo para hoje, vai ser uma versão Woodkstock de Aldeia.

Para que pudesse ter o festejo confirmado, a organização enfrentou alguns tramites judiciais, iniciados há cerca de 20 dias, quando o Fórum Socioambiental de Aldeia protocolou um requerimento no qual pedia que fossem adotadas as providências contra a realização da prévia. No documento, o grupo alega que “o local reservado ao evento é totalmente inapropriado para a atividade em foco e não conta com nenhum tipo de tratamento, anteparo ou proteção acústica que eventualmente pudessem reduzir os ruídos, sendo as músicas executadas com o emprego de equipamentos de altíssima amplificação do som, de modo contínuo e ininterrupto por várias horas a fio, ainda nas proximidades de condomínios residenciais e de Área de Preservação Permanente”.

A decisão sobre o caso, com autorização da realização do evento, foi dada na noite da última quinta-feira (18/1) pela juíza Jacira Jardim de Souza Meneses, que não acatou um pedido de liminar do Ministério Público de Pernambuco. Ela ressaltou, dentre outros aspectos, “que estamos diante da 3ª edição do evento no mesmo local (Fazenda Bem–Te–Vi), não havendo notícia de insurgências por parte do Ministério Público ou de quaisquer outros interessados nos anos anteriores, tendo a presente ação sido ajuizada às 22h57min do dia 17/1/2018, o que igualmente milita em desfavor da ordem liminar requerida, ante a necessidade de enfrentamento de questões altamente complexas em curtíssimo espaço de tempo, as quais deverão ser melhor analisadas em sede de sentença de mérito”.

CULTURA POPULAR

Além de promover a mistura entre diferentes gêneros musicais, o Guaiamum Treloso Rural 2018 reservou ainda um momento para a cultura popular de Camaragibe. Através de parceria com a Fundação de Cultura de Camaragibe e com apoio do Conselho Municipal de Cultura, o festival terá participação de quatro grupos de Ursos de Carnaval e do Maracatu Rural Cambinda Dourada de Camaragibe. Já no estande Artesanato de Camaragibe será possível comprar peças carnavalescas confeccionadas artesãos do município.

A VOZ E A MÁQUINA DE ELZA SOARES

Ainda colhendo elogios por A Mulher do Fim do Mundo (2015), Elza Soares vem ao Guaiamum Treloso Rural apresentar outro show, no qual se debruça nas delícias da atemporalidade. Em A Voz e a Máquina, a grande dama passeia tanto pelo próprio repertório, talhado em mais de 30 álbuns de estúdio, quanto por recentes descobertas feitas, por ela própria, dentre revelações da música nacional.

Em conversa via e-mail com o JC, Elza afirma estar extremamente feliz com o momento que vive. “Estou revisitando músicas e amigos que admiro demais. Este show também está sendo uma oportunidade para conhecer coisas novas. Descobri uma música do Caio Prado que meus empresários me apresentaram e eu fiquei louca! A música Não Recomendados, do Caio, virou ponto alto do show”, conta ela, relembrando ainda, de um encontro de trinta anos. “Tem também uma música do Cazuza, Milagres, que gravei com ele nos anos 1980. Cara, essa música é um soco no estômago!”.

Além de circular o País, ela também prepara Deus é Mulher, novo álbum que chega em abril, pela gravadora Deckdisc. Apesar do que o título sugere, Elza explica que não se trata necessariamente de uma extensão do registro anterior, onde canta sobre a força da mulher diante de situações violentas e abusivas.

Deus... não é uma continuação de A Mulher do Fim do Mundo, mas continuo neste novo trabalho a minha luta em prol da mulher, do negro, dos gays. Cara, não podemos parar. Já dizia Cazuza, "o tempo não para". Neste trabalho, a força da mulher, a energia feminina, forte e doce, costura a mensagem. Estamos preparando um disco forte, muito forte”, adianta.

As canções serão todas inéditas e, segundo ela, “com forte conteúdo, um disco de arrepiar”. Para tanto, Elza terá o suporte de um núcleo de arranjadores e músicos que conta com nomes como Marcelo Cabral (baixo e bass synth), Rodrigo Campos (cavaquinho e guitarra) e Kiko Dinucci (guitarra, sintetizador e sampler). “Em time que está ganhando não se mexe. Lógico que continuei com os mesmos meninos e abrimos para outros compositores também, como o Pedro Luís, que amo”.

Atenta à nova geração que a reverencia, Elza cita o que tem ouvido dela. “Amo o Johnny Hooker, já cantamos juntos, foi lindo! Tem o Caio Prado, a Karla da Silva, Emicida, Criolo. Muita gente boa”, diz. “Minha cabeça não pára. Trabalho muito, mas amo essa correria. A música é o bálsamo da alma. Sabia que tem dias que eu nem nasci? Cada dia eu me sinto com uma idade”, encerra.

A RADIOLA DA NAÇÃO ZUMBI

Nação Zumbi apresenta, no Palco Skol – Caipora do Guaiamum, hoje, às 21h20, pela primeira vez em Pernambuco, as músicas do seu mais recente disco – e o primeiro não autoral – Radiola NZ, lançado no fim do ano passado, pelo selo Babel Sunset, enquanto prepara o novo álbum de inéditas, previsto ainda para este ano.

Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Pupillo (bateria), Toca Ogan (percussão), Marcos Matias, Da Lua e Tom Rocha (alfaias) tocam “versões zumbificadas” de músicas que foram importantes para a história da banda, como Refazenda (Gilberto Gil) e Amor (Secos & Molhados, que cantaram com Ney Matogrosso no Rock in Rio, no ano passado), as primeiras a ganhar vídeo.

O repertório do show no Guaiamum Treloso também inclui sucessos do álbum Nação Zumbi, como Um Sonho e Defeito Perfeito, além das clássicas Manguetown e Meu Maracatu Pesa uma Tonelada.

A Nação Zumbi está em turnê desde 2014, quando lançou o décimo trabalho de sua carreira, o disco de inéditas Nação Zumbi (slap/Natura Musical), produzido por Berna Ceppas e Kassin, lançado depois do jejum de sete anos desde Fome de Tudo. Também circulou com show Afrociberdelia, tocando o CD na íntegra, em comemoração aos 20 anos do lançamento do álbum e os 50 anos de Chico.

Antes de a Nação Zumbi subir ao palco, quem se apresenta é Di Melo, que deve cantar músicas do seu mais recente – e segundo disco – O Imorrível (seu epíteto), entre as quais Barulho de Fafá, com guitarra suingada e groove encorpado perfeitos para dançar, e Basta Bem, dedicada ao parceiro Baden.

O pernambucano Juvenil Silva vai aproveitar o GTR 2018 para divulgar a vaquinha que está fazendo para o terceiro disco Tudo que Tem Asa Quer Voar, além de apresentar músicas de Desapego e Super Qualquer no meio de Lugar Nenhum. O público reggaeiro vai curtir Kaya na Real, que lançou no ano passado, finalmente, o álbum Sinta a Outra Realidade. Merece também atenção Rokr, que venceu a seletiva do Rec'n’Play, e Igor de Carvalho, que fez um ótimo show no Janeiro de Grandes Espetáculos.

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