LUTAS LIBERTÁRIAS

1817: Percorra os caminhos da revolução no Recife

Centro do Recife e Seminário de Olinda foram pontos marcantes da Revolução de 1817

Marcela Balbino
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Marcela Balbino
Publicado em 07/03/2017 às 7:05
Arte JC
FOTO: Arte JC
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As águas do Capibaribe viram a execução dos revolucionários que tomaram o poder por 75 dias em 1817. No Largo do Erário, onde hoje é a Praça da República, caía por terra o movimento de independência à Coroa Portuguesa, planejado e executado por pessoas com ideais iluministas e inflamadas pelos pensamentos da Revolução Francesa. A história é marcada por traições, sangue, convicções e embates.

Às margens do rio, que anos mais tarde João Cabral de Melo Neto chamaria de “cão sem plumas”, os revoltosos fincaram suas bases políticas e transferiram o governo para o Erário Régio, nas cercanias de onde está hoje o Palácio do Campo das Princesas.

Hoje, dois séculos depois, o local já não existe, mas o Baobá fincado na praça foi testemunha de toda a revolta. O busto de Maurício de Nassau exposto defronte ao Palácio do Campo das Princesas marca o ponto exato onde os confrontos da Revolução Constitucionalista Pernambucana se desenrolaram. Após a insurgência, o local passou a ser chamado de Campo de Honra. O Palácio, atual sede do governo do Estado, só veio a ganhar esta função em 1841, pelo governador Francisco do Rego Barros. 

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O grau de importância do ato para a construção política dos ideais de independência foi igualmente sangrento na retaliação aos envolvidos. Não bastava apenas punir os que lutaram, era necessário expor seus corpos como bandeira de repressão. E assim aconteceu com o padre João Ribeiro Pessoa, que se enforcou tão logo viu o fogo revolucionário ser apagado por ordens reais.

Os emissários da Coroa desenterraram seu corpo, cortaram-lhe os braços e o decapitaram. A cabeça ficou exposta em praça pública.

Quem passa hoje pela frente do Palácio do Campo das Princesas e sente a brisa suave das palmeiras não imagina que lá já serviu de palco para enforcamentos. Antônio Henrique Rabelo, o padre Antônio Pereira de Albuquerque, Amaro Coutinho, Domingos Teotônio Jorge, José de Barros Lima, a quem chamavam o “Leão Coroado”, José Peregrino Xavier de Carvalho e o vigário Tenório estão na lista dos que morreram em nome da Revolução de 1817.

MUDANÇAS

Após 200 anos terem se passado desde que Leão Coroado enfiou a espada na barriga do brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa de Castro e precipitou toda a batalha, as ruas do Recife se alargaram, comércios cresceram e fecharam. Colégios católicos viraram hotel de luxo, que depois tornou-se órgão público. A expansão imobiliária mudou o cenário histórico, mas ainda é possível refazer os caminhos da revolução.

Arte JC
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No Quartel do Regimento de Artilharia, onde no passado foi palco do estopim revolucionário, hoje repousam livros usados e artigos eletrônicos de segunda mão na Praça do Sebo. Onde no século 19 conflitos militares mancharam de sangue as ruas, atualmente livreiros montam suas bancas em meio ao descaso do poder público pelo local.

Se hoje é fiel depositário de documentos e registros do Estado, o Arquivo Público, na Rua do Imperador, número 371, no passado foi erguido com objetivo de sediar a cadeia do Recife. Os líderes da Revolução de 1817 ficaram presos lá.

Construídos durante a passagem holandesa pela capitania, os fortes do Brum e das Cinco Pontas também serviram de palco revolucionário. O primeiro deles abrigou o governador Caetano Pinto Montenegro. Amedrontado com os revoltosos, ele se escondeu no forte e de lá zarpou para o Rio de Janeiro, onde mais tarde tornou-se ministro do rei. A Fortaleza das Cinco Pontas foi cárcere para 150 prisioneiros da também chamada Revolução dos Padres. 

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