Ao longo de sua longeva carreira, Rogéria se firmou como um ícone da cultura brasileira. Autointitulada "a travesti da família brasileira", a artista venceu o preconceito e atravessou gerações apresentando sua arte. Estrela do documentário Divinas Divas, dirigido por Leandra Leal, ela falou sobre sua vida e carreira em entrevista.
Entre os pontos tocados na conversa está sua transformação de Astolfo, seu nome de batismo, para Rogéria, assim como sua relação com a sexualidade e o preconceito da sociedade brasileira.
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CONFIRA A ENTREVISTA
Como Astolfo virou Rogéria?
Já era transformista, estava em Paris. Aquilo é muito seco, meu cabelo virou uma juba. Já me sentia fêmea, mas, quando veio o cabelo - loira, poderosa -, foi um escândalo. Virei Rogéria.
E se despediu do Astolfo?
Nunca. Sempre teve gente querendo que eu me livrasse dele. Gosto muito do meu lado homem. Nunca quis operar.
Nunca sofreu discriminação?
Nunca deixei, e quando tentavam o Astolfo reagia. Quando criança, não sofria bullying porque eu fazia bullying nos meninos. Só sofri por amor.
E ser a travesti da família?
Uma vez, um senhor chique, com toda a família, me cumprimentou na rua dizendo - "Nós te amamos." Esta semana, aqui em São Paulo, botei tênis, fui ao super e tive de fazer um monte de selfie. Atinjo todas as classes. Sou amada.
Você já foi criticada por não militar na causa LGBT...
E respondo: mas que militância? Sou a causa e, se essa gente toda está na rua, foi porque nós do filme abrimos caminho.
Uma pergunta bem íntima - xixi sentada ou de pé?
Depende. Sou geminiano com ascendência em leão. Quando urino de pé, sempre levanto a tampa. Homem é porco. Mulher é mais asseada Aprendi com minha mãe.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.