O francês Jean-Claude Arnault, processado na Suécia por estupro, em um caso revelado em plena campanha #MeToo e que obrigou o adiamento por um ano do anúncio do Prêmio Nobel de Literatura, foi condenado por um tribunal de Estocolmo a dois anos de prisão.
Arnault, 72 anos, era acusado por estuprar uma jovem em um apartamento da capital sueca, em outubro e dezembro de 2011. Ele foi condenado pelo crime de outubro, anunciou a juíza Gudrun Antemar em um comunicado.
"Não há nenhuma razão para uma pena mais curta que dois anos", afirmou a magistrada em uma entrevista coletiva, acrescentando que a vítima se encontrou "sem defesa" ante seu agressor.
"Isto significa um grande alívio para minha cliente e uma vitória para a justiça", disse a advogada Elisabeth Massi Fritz. "Nenhuma vítima de estupro deve permanecer em silêncio".
"19º membro"
Arnault, casado com uma integrante da Academia Sueca, se vangloriava de ser o "19º membro" da instituição e, segundo testemunhas, anunciava o nome dos futuros laureados a seus amigos.
Deste então, os membros da Academia não conseguem assumir suas responsabilidades e não conseguem encontrar uma forma de administrar a crise.
Desacreditada, privada do quórum necessário para funcionar após a renúncia de vários membros, a Academia Sueca adiou para o próximo ano o nome do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2018, algo que não acontecia há pelo menos 70 anos.
Arnault, que argumentou que suas relações sexuais com a jovem foram consentidas, decidiu recorrer da decisão.
"Está convencido de que (o veredito) pode mudar em segunda instância, agora é questão de trabalhar nisso", declarou seu advogado, Björn Hurtig, à agência local TT.
"Não há nenhuma prova técnica neste caso", acrescentou.
Esta é a primeira condenação em um julgamento vinculado ao movimento #MeToo.
O escândalo, que abalou a Academia Sueca, explodiu em novembro de 2017, um mês depois das revelações sobre estupros e outras agressões sexuais atribuídas ao produtor de cinema americano Harvey Weinstein.
Os depoimentos de 18 mulheres, incluindo a demandante, publicados no jornal sueco Dagens Nyheter, que acusavam o francês de estupro ou agressão sexual, implodiram a Academia Sueca, que concede desde 1901 o Prêmio Nobel de Literatura.
Arnault era o diretor artístico de Foro, um clube muito seleto que havia criado em 1989, frequentado por editores, escritores, dramaturgos e músicos proeminentes, mas também mulheres jovens.
Várias das denúncias contra o francês foram arquivadas por falta de provas ou porque prescreveram, mas a promotoria descobriu que tinha provas suficientes sobre o caso de 2011.
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