Lisboa tem céu de azul intenso, luminoso. É assim durante quase todo o ano, inclusive no inverno, que não dura mais de três meses. Céu que abençoa os moradores e encanta os visitantes. E estes correm até a cidade num ritmo cada vez mais impressionante. Há uma década, eram 3,5 milhões de turistas por ano. Hoje, são 7,3 milhões, uma variação de mais de 100%, segundo estudo da Deloitte divulgado este mês pela Associação de Turismo de Lisboa.
Energizados pela luz que banha a cidade, os visitantes perambulam pelas ruas estreitas, sobem e descem as ladeiras de calçamentos seculares e, ao longo do caminho, usufruem de inúmeras atrações, históricas ou contemporâneas. Movimentam esta que já representa a principal atividade econômica do município e que gera uma receita de 6,3 bilhões de euros por ano, cerca de 20,8 bilhões de reais, com um crescimento médio anual de 9,5%
O número de turistas e o valor que eles gastam garantem o emprego de 80 mil pessoas, cerca de 35% dos postos de trabalho na cidade, e animam os empresários dos setores de hotelaria, alimentação e lazer. A indústria hoteleira, que já absorve 47% da mão de obra do turismo, continua a investir e a empregar. De 2015 até agora, foram abertos só em Lisboa 66 hotéis e outros 40 devem ser inaugurados até o final deste ano.
Um dos destaques é o hotel Pestana CR7 Lisboa, uma parceria do astro do futebol e herói nacional Cristiano Ronaldo e o maior grupo hoteleiro de Portugal. As referências ao atacante do Real Madrid estão por todos os lugares, a começar pelas paredes de fundo dos elevadores, compostas por um touch screen onde se pode ver os principais momentos da vida do craque. Ao longo das escadas, sensores ativam o som de uma torcida num estádio de futebol e o áudio pode até ser personalizado. No quarto, estão elementos ligados ao universo esportivo, como o tapete, com uma sequência de 7 marcas de chuteiras que replicam as pegadas de um sprint real de Cristiano Ronaldo no gramado. Mais que um local de hospedagem, o hotel é hoje, por si só, uma atração turística.
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Inovações como essa se estendem também ao ramo da alimentação. O Mercado da Ribeira, o principal de Lisboa construído em 1892, atrai por ano mais de 2 milhões de visitantes e não necessariamente pela qualidade de suas frutas, verduras e carnes, que continuam sendo vendidas das seis da manhã às duas da tarde. No local, que agora fica aberto até às duas da manhã, funcionam também 22 restaurantes, oito bares, quatro lojas de objetos de design e uma sala de espetáculos. A transformação num dos maiores espaços gastronômicos do mundo se deu em 2014, quando o mercado, localizado no boêmio Cais do Sodré, passou a ser gerido pela revista Time Out Lisboa, que planeja replicar a experiência em Londres, onde a publicação surgiu, em 1968.
E que tal um bairro quase inteiro destinado à gastronomia, à diversão e ao design? Em Lisboa, ele atende por Príncipe Real e fica ao lado dos turísticos e movimentados Chiado e Bairro Alto. Inicialmente visitado por causa dos mirantes, dos jardins bucólicos e dos antiquários, nos últimos anos o Príncipe Real passou a chamar a atenção de turistas e boêmios por conta da boa seleção de bares, restaurantes e lojas.
Hotel Pestana CR7 Lisboa, parceria do astro do futebol e herói nacional Cristiano Ronaldo e o maior grupo hoteleiro de Portugal. Foto: Divulgação
O charme é encontrar tudo isso em palacetes e casas que ainda mantêm as características da época em que foram construídos. Nos salões e quartos de um casarão do século XIX, por exemplo, ainda com afrescos originais e belas escadarias de madeira ou mármore, estão lojas de móveis contemporâneos, marcas de roupas independentes, bares modernos e restaurantes sofisticados. Mesmo agitado, o bairro ainda mantém alguns recantos protegidos, com praças e até um jardim botânico, e é também uma opção para quem prefere um passeio tranquilo.
Esses novos empreendimentos acabam por contrapor a imagem melancólica que tradicionalmente está associada à Lisboa e a Portugal. Desde a EXPO´98, a Exposição Mundial sediada na cidade em 1998, as autoridades locais têm feito esforços para consolidar Lisboa como uma capital cosmopolita, capaz de se modernizar sem deixar de lado a história e a tradição. O impulso maior veio com a desregulamentação do setor aéreo e o início da operação das companhias low cost, com vôos que ligam os principais destinos da Europa a Lisboa a preços camaradas. Estudantes e aposentados de países como Alemanha, Inglaterra, França e Itália invadiram a cidade e criaram novas demandas que os lisboetas estão sabendo atender como ninguém.