TURISMO

Voo direto Recife-Lisboa completa 50 anos de histórias no ar

Trecho Recife-Lisboa pela TAP está em atividade desde 1967 e é o único que conecta diretamente a capital pernambucana à capital portuguesa

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Publicado em 19/04/2017 às 1:00
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Trecho Recife-Lisboa pela TAP está em atividade desde 1967 e é o único que conecta diretamente a capital pernambucana à capital portuguesa - FOTO: Divulgação/TAP
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Havia um grande alvoroço no Aeroporto Internacional dos Guararapes no começo da manhã de 19 de abril de 1967. Uma aeronave da Boeing modelo 707, chamada Santa Cruz, tinha pousado 51 passageiros vindos de Lisboa em um voo sem paradas para a capital pernambucana. Pela primeira vez, era possível cruzar o Atlântico e ligar as duas cidades sem interrupções. Naquela época, talvez a festa tivesse sido muito maior se os envolvidos imaginassem que essa linha se tornaria estratégica. Hoje, ela é responsável por parte do fluxo dos turistas nordestinos que seguem daqui para a Europa, além de ser indispensável para o turismo internacional em Pernambuco.

Operado pela TAP, o voo foi o primeiro no Nordeste a fazer a viagem sem escalas para a Europa e ainda é o único que conecta diretamente Recife e Lisboa. Segundo dados da Infraero, foram mais de 120 mil embarques e desembarques no ano passado. São pessoas que vão passear ou fazer negócios no Brasil e em Portugal, ou portugueses que moram no Recife e ficam na ponte aérea por amor aos dois países, como o casal Carmino e Maria Emília e o empresário Vicente Melo, que são clientes costumeiros desse trecho há mais de 40 anos.

Carmino e Maria Emília, portugueses que moram no Recife. Foto: Ashlley Melo/JC Imagem


Além de uma longa vida juntos, Carmino, 88 anos, e Maria Emília, 94, compartilham muitas histórias de viagens nos voos Recife-Lisboa. Portugueses, moram no Recife mas vão a Portugal todo ano. No início, iam com as seis filhas pequenas, que hoje se revezam para acompanhar os pais viajantes. “Sempre vamos em família. Lembro que as meninas adormeciam e dormiam pelo chão do avião”, diz Carmino. Já o português Vicente Melo lembra principalmente de um encontro na volta para o Recife. Ele chegou aqui de navio, em 1957. Cheio de saudades e sem dinheiro, trabalhou até ser bem sucedido. Lembra da primeira vez que veio de Lisboa no voo direto, na classe executiva. Encontrou um antigo e mau patrão, que lhe olhou feio e perguntou o que fazia ali, numa viagem tão cara. “Eu disse: ‘O mesmo que o senhor, viajando. Mas se fosse seu empregado, estaria num bote!’”, conta Vicente, entre gargalhadas.


VOLTA DOS VOOS DIÁRIOS

De acordo com a TAP, a tendência de retomada da economia está tendo impacto positivo no volume de passageiros. Até fevereiro deste ano, as reservas para o Recife para o período de abril a outubro registraram um aumento de 144%, quando comparadas ao mesmo período de 2016. Um crescimento que deve continuar, já que a empresa vai retomar a frequência diária em junho e assim deve permanecer até outubro - será feita outra análise de mercado para avaliar se haverá ou não redução em novembro. Hoje são seis voos semanais, de terça a domingo.


Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Pernambuco (Abav PE), Fátima Bezerra, a retomada da frequência diária é fundamental para a promoção turística nos dois destinos. Ela ressalta que Portugal é ponto de partida para outros países europeus, incluindo roteiros de turismo religioso para Roma e Israel. “Além de quem mora no Recife, temos um público relevante de outras capitais, já que a viagem para a Europa via Rio ou São Paulo pode aumentar a viagem em até cinco horas, devido ao deslocamento e à espera pela conexão do trecho internacional”. Na linha direta, o passageiro que sai do Recife chega a Lisboa em sete horas e meia.

O secretário de Turismo do Estado, Felipe Carreras, destaca que a retomada da procura também é reflexo de diversos esforços focados em mostrar Pernambuco como um destino atraente para portugueses e europeus, sobretudo com a desvalorização do real frente ao euro. “Temos avançado mesmo em momentos de crise”, pontua Carreras, referindo-se aos resultados de Pernambuco em relação a outros Estados do Nordeste no fluxo de turistas via aérea. Em 2016, houve avanço de 2%, enquanto Bahia e Ceará tiveram queda de 18% e 11%, respectivamente. “Atuamos forte na promoção de Pernambuco e na capacitação de profissionais. Também contamos com a parceria do trade turístico e das operadoras, com um trabalho conjunto para o Estado ter êxito”, acrescenta Carreras.


COMEMORAÇÃO

Hoje pela manhã, no Palácio do Campo das Princesas, Carreras estará ao lado do governador Paulo Câmara e outros representantes do Governo do Estado para comemorar a data junto com convidados. Entre eles, estarão executivos da TAP e lideranças ligadas ao turismo e à comunidade portuguesa tradicional do Recife. "O aniversário de 50 anos do voo Recife-Lisboa é um marco importante para o turismo e a economia do nosso Estado. Durante todo esse tempo, tivemos a oportunidade de receber muitos visitantes que puderam conhecer mais da nossa cultura, dos nossos costumes, das nossas belezas naturais e, principalmente, do nosso povo, que sabe receber muito bem”, declarou Paulo Câmara.

Modelo da placa comemorativa que será descerrada hoje. Imagem: Divulgação/Setur


O evento vai marcar o descerramento de uma placa comemorativa, marcando a data e homenageando a TAP por ser a companhia aérea em atividade há mais tempo no Aeroporto dos Guararapes. Outras personalidades também serão homenageadas, como o provedor do Hospital Português, Alberto Ferreira da Costa, e o empresário João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM e do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC).

Outras diversas ações vão celebrar a data. Hoje, a TAP vai dar o dobro de milhas do seu programa de fidelidade para os passageiros do voo. Durante todo este mês, o vinho servido no voo é o Quinta Maria Izabel, rótulo produzido em Portugal por João Carlos Paes Mendonça. Também à bordo, a revista institucional da TAP traz 35 páginas de conteúdo sobre Pernambuco; e os Correios lançaram um selo comemorativo. Tudo para que Recife e Lisboa continuem fortemente ligadas por laços não só de mercado, mas também afetivos, por mais 50 anos.

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